Eduardo Bolsonaro exige que visitas a Bolsonaro denunciem Moraes como “abuso”
Deputado afirma que quem visitar Bolsonaro tem dever moral de denunciar Alexandre de Moraes

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) declarou que aqueles que visitarem o ex-presidente Jair Bolsonaro têm o “dever moral” de denunciar a prisão domiciliar como mais um “abuso” perpetrado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. A frase foi dita após a visita oficial do senador Ciro Nogueira (PP-PI), autorizada por Moraes.
Eduardo justificou que essa denúncia deve preceder qualquer outro assunto na conversa com Bolsonaro — como se reuniões políticas fossem audiências judiciais antecipadas. Segundo ele, a prisão domiciliar configura “perseguição política” e quem vai ao encontro de Bolsonaro deveria denunciar formalmente esse que classificou como “excessos do STF”.
A visita de Ciro Nogueira foi interpretada por Eduardo como gesto suspeito: ele criticou o presidente do PP por estreitar laços com Bolsonaro sem manifestar repudiar os atos de Moraes. Essa postura revela o esforço de Eduardo e de sua base mais radical em transformar toda aproximação política com Bolsonaro em palanque judicial e narrativa de perseguição institucional.
No contexto das articulações eleitorais para 2026, essa estratégia serve a dois propósitos: reforçar o papel de Eduardo como voz mais dura da base bolsonarista e desincentivar que aliados façam visitas “neutras” — indicando que todo movimento no bloco conservador será visto como posicionamento explícito.
A ofensiva verbal mira não apenas Ciro e outros possíveis visitantes de Bolsonaro, mas também o próprio sistema de Justiça: ao converter encontros políticos em atos de “denúncia”, Eduardo tenta impôr que qualquer contato feche cenários de impunidade para o STF.
A narrativa reforça a cristalização de dois polos: de um lado, a base radical exige confrontação e judicialização de todos os atos; do outro, aliados mais moderados podem se resguardar para não serem usados como instrumentos de guerra institucional disfarçada.