Críticos veem premiação como intervenção simbólica; Machado revida dizendo que honraria fortalece missão e agradece Trump

Milhares de venezuelanos se mobilizam para contestar a premiação do Nobel da Paz a María Corina Machado, acusando o comitê do prêmio de favorecer narrativas externas e fortalecer um projeto político já internacionalizado. Para seus críticos, a escolha tem caráter simbólico — mais instrumento diplomático do que reconhecimento genuíno das lutas populares.

Ao receber o Nobel, Machado adotou tom de reivindicação e legitimidade: disse que a honraria é um “impulso para concluir nossa tarefa” e reafirmou que “não é ponto de chegada, mas força adicional” para seguir sua missão. Em sua primeira declaração pública após a premiação, ela dedicou o prêmio ao povo venezuelano e ao presidente Donald Trump, reconhecendo seu “apoio decisivo à nossa causa”.

Nas ruas de Caracas, voz ativa e pancartas denunciam que esse reconhecimento não representa a multiplicidade de vozes dissidentes venezuelanas. Intelectuais criticam que se favorece quem já tem visibilidade global, silenciando quem atua no interior das comunidades. Eles alertam: uma premiação como esta serve a narrativas de legitimação externa — e corremos o risco de reduzir a luta venezuelana a um espetáculo concedido por poderes forâneos.

Alguns deputados da oposição moderada se veem em dilema: querer dialogar com setores internos pode soar “menos heroico” diante do protagonismo simbólico de Machado. Nas redes sociais, parte da população celebra o reconhecimento — parte mostra ceticismo. O ponto comum entre os críticos: homenagear o ativismo é justo, mas não pode apagar as vozes menos midiáticas — sobretudo quando a crise humanitária continua ativa na Venezuela.

Fonte: Brasil de Fato / G1 / Reuters

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.