UFPR, Unesp e UnB desenvolvem técnicas acessíveis que podem salvar vidas frente ao surto de intoxicação

Com a escalada dos casos de intoxicação por metanol no Brasil — já ultrapassando 113 notificações segundo o Ministério da Saúde — pesquisadores de universidades públicas se mobilizam para tornar acessíveis métodos de detecção da substância perigosa.

Na Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Laboratório Multiusuário de Ressonância Magnética Nuclear passou a oferecer análise gratuita para o público geral, mediante agendamento. Segundo o professor de química Kahlil Salome, basta usar 0,5 ml da bebida para obter um gráfico que indica se há metanol — e o processo dura cerca de 5 minutos.

Em paralelo, pesquisadores da Unesp (Araraquara) criaram um método patenteado que adiciona sais à amostra, convertendo metanol em formol e gerando mudança de cor em até 15 minutos, mesmo para bebidas com corantes e frutas.

Também a UnB (Universidade de Brasília) contribuiu com um kit de testagem que já é fornecido a instituições públicas e privadas. O químico Arilson Onésio Ferreira, idealizador do projeto, afirma que o kit custa cerca de R$ 50, com reagentes adicionais de R$ 25 por teste, e utiliza apenas 1 ml para proceder à análise.

Além disso, na UFPR, cientistas desenvolveram um sensor patenteado baseado em tinta condutora à base de água, capaz de detectar vapores de metanol ao aproximar-se de um copo com líquido adulterado.

Essas iniciativas não são só avanço científico — são uma resposta urgente de universidades contra a tragédia sanitária nacional. Com casos aumentando — já se registra 127 notificações suspeitas de intoxicação no país, embora os casos confirmados permaneçam em 11 — a necessidade de métodos rápidos é crítica.

O desafio agora é que essas tecnologias saiam do laboratório e cheguem a comunidades, órgãos de fiscalização e consumidores. É imprescindível que o Estado garanta recursos, parcerias institucionais e logística para que essas técnicas não fiquem restritas ao âmbito acadêmico, mas se convertam em instrumentos efetivos de proteção à vida.

Fonte: Brasil 247, CNN

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.