Ameaça de tarifa de até 100% contra países que mantêm comércio com Moscou eleva o risco de inflação global; Índia já foi punida com 50%. Para o Brasil, não há “crise”: é hora de acelerar a industrialização e a agenda BRICS.

Donald Trump subiu o tom e mirou “aliados da Rússia” com uma tarifa de até 100%. O recado pretende punir países que mantêm laços comerciais com Moscou — da energia aos fertilizantes — e empurrar o mundo para uma nova rodada de protecionismo agressivo. A movimentação é real: a Índia já foi atingida por sobretaxa que chegou a 50% após seguir comprando petróleo russo, numa escalada que pressiona cadeias globais. A Casa Branca, em papéis oficiais, admite o objetivo: usar tarifas secundárias para estrangular receitas de guerra. O mercado reage com cautela; economistas veem risco de inflação e desaceleração.

O Brasil entrou no radar da mídia financeira porque depende de diesel e fertilizantes russos desde 2022. Mas não há pânico — nem deve haver. A narrativa vassalocrata grita “colapso”; a realidade é outra: diversificação de fornecedores, coordenação no BRICS e produção interna são caminhos abertos. O efeito da chantagem tarifária pode ser o oposto do que Washington espera: empurrar o país para beneficiar aqui o que hoje importa caro — do refino de petróleo à cadeia de fertilizantes — e reduzir a vulnerabilidade externa.

Trump tenta vender o pacotão como “remédio amargo” para forçar um cessar-fogo na Ucrânia, mas incorpora na conta alvos que nada têm a ver com o conflito, como semicondutores e outras tecnologias estratégicas, elevando tarifas a patamares sem precedentes e alimentando pressão de preços em série. Analistas alertam: mais tarifas agora significam eletrônicos, carros e eletrodomésticos mais caros, com risco de esfriar contratações e encarecer crédito. Ou seja, a bomba pode explodir no colo de quem aperta o botão.

A estratégia de “tarifas secundárias” também acirra tensões com potências do Sul Global — e até com parceiros tradicionais. Índia já sentiu. China observa e calcula. A Europa teme efeito dominó. No tabuleiro geopolítico, a pressão empurra emergentes para acordos alternativos e consolida a multipolaridade. Empurra, inclusive, para dentro do BRICS+, que cresce como rota de fuga das sanções unilaterais.

Para o Brasil, a lição é direta: não há crise. Há oportunidade. É hora de usar planejamento industrial, Lei de Reciprocidade bem dosada e política de conteúdo local para blindar setores estratégicos. Refinarias ativas, fertilizantes nacionais, aço com valor agregado, tecnologia própria. Quando o Norte fecha portas, o Sul abre janelas. A tarifa de até 100% apenas confirma o que já sabíamos: a submissão não garante nada — soberania, sim.

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