Trump ameaça STF por avanço do BRICS em retaliação ao BRICS e moeda do bloco

Trump ameaça STF por avanço do BRICS. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, advertiu que retaliará o Brasil caso o Supremo Tribunal Federal (STF) impeça bancos de cumprirem sanções norte-americanas contra o ministro Alexandre de Moraes – magistrado responsável pelo inquérito sobre Jair Bolsonaro. Essas ameaças públicas, oficialmente justificadas como defesa do aliado Bolsonaro, levantam o alerta de interferência externa na Justiça brasileira. Entretanto, analistas apontam que o ex-presidente brasileiro é apenas bode expiatório: nos bastidores, Trump mira desestabilizar o Brasil em resposta ao fortalecimento do BRICS e à proposta de moeda única do bloco, vista como ameaça direta à hegemonia do dólar.

Nesta sexta-feira (1º), o Partido dos Trabalhadores (PT) ingressou com uma ação no STF para obrigar os bancos no Brasil a ignorarem a ordem de Washington de congelar bens do ministro Alexandre de Moraes, determinada com base na Lei Magnitsky. Essa legislação dos EUA foi invocada pelo governo Trump para punir Moraes – responsável por investigar a trama golpista de Jair Bolsonaro – congelando eventuais ativos do magistrado em solo americano e proibindo transações financeiras vinculadas a ele nos EUA. Se o Supremo acolher a representação petista, interlocutores em Washington avisam que Trump retaliará de forma ainda mais drástica: outros ministros do STF entrariam na mira das sanções, indo além do escopo inicial da Lei Magnitsky. Na prática, o presidente norte-americano ameaça escalar o confronto, estendendo punições a integrantes da mais alta corte brasileira – um passo sem precedentes e visto como afronta à soberania do Brasil.

O governo Trump alega agir para “defender” Bolsonaro de supostas perseguições. Jair Bolsonaro – aliado ideológico de Trump – tornou-se réu em cinco acusações criminais no âmbito do STF, incluindo crimes ligados ao plano golpista, cujas penas somadas ultrapassam 40 anos de prisão. Em carta aberta recente ao presidente Lula, Trump exigiu que a “caça às bruxas” contra Bolsonaro termine “IMEDIATAMENTE”, usando esse pretexto para justificar uma tarifa extra de 50% sobre as importações do Brasil. No entanto, embora invoque Bolsonaro publicamente, Trump ameaça o STF por avanço do BRICS – como admite um analista, não é coincidência que as ameaças de Washington tenham se intensificado logo após o êxito da cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, principal fator por trás da “explosão” de Trump. Bolsonaro, assim, funciona como cortina de fumaça para um embate geopolítico maior.

Para diversos observadores, o fator-chave por trás da postura agressiva de Washington é o temor de perder a primazia do dólar no sistema global. Não por acaso, o BRICS vem se fortalecendo: passou por expansão recente integrando novos membros de peso, como Arábia Saudita e Irã, e estima-se que em 2027 o bloco responda por 33,9% do PIB mundial, superando o tradicional G7, projetado com apenas 28,26%. O próprio Trump tem escancarado esse receio. “Nunca podemos deixar ninguém brincar conosco”, bradou o republicano, afirmando estar “comprometido” em preservar o status global do dólar. Desde o início de seu novo mandato, ele ameaça impor sobretaxas duríssimas – de até 100% – às importações de países do BRICS caso adotem uma moeda comum em substituição ao dólar.

Na cúpula do BRICS realizada em julho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu abertamente a busca de alternativas ao dólar: “Ninguém determinou que o dólar é a moeda padrão… E obviamente que nós temos toda a responsabilidade de fazer isso [adotar uma moeda comum] com muito cuidado”, afirmou o petista. Especialistas ponderam que a ideia de uma moeda única do BRICS ainda está em fase inicial e enfrenta ceticismo – muitos acreditam que a proposta “não deve prosperar” tão cedo. Ainda assim, apenas a perspectiva de um mecanismo financeiro próprio do bloco acendeu o alerta máximo em Washington. Trump ameaça STF por avanço do BRICS justamente por enxergar o Brasil e seus parceiros emergentes pavimentando caminhos para fugir da dependência do dólar – o que, a longo prazo, pode minar o poder de coerção econômica dos EUA.

Compartilhe:

Deixe comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos necessários são marcados com *.