Tarcísio cancela viagem a Brasília após pressão do Centrão frear anistia
Governador de SP adia ida à capital por resistências internas e cálculo político sobre o projeto controverso

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), decidiu cancelar a viagem prevista para Brasília nesta segunda-feira (15). O objetivo era reforçar articulações políticas pela aprovação de uma anistia aos condenados nos atos de 8 de janeiro, incluindo Jair Bolsonaro. Mas o que era para ser um movimento de pressão política se transformou em recuo diante de entraves no Congresso, principalmente entre parlamentares do Centrão.
Motivos do cancelamento
- Segundo informações do Palácio dos Bandeirantes, aliados de Tarcísio avaliaram que já tinham sido feitas todas as movimentações possíveis para dar andamento ao diálogo em favor da anistia — e que a viagem não traria ganhos práticos suficientes diante do desgaste potencial.
- O Centrão, grupo essencial para aprovar projetos de grande impacto, teria demonstrado resistência aberta, principalmente após o julgamento de Jair Bolsonaro no STF.
- Há também a percepção de que mesmo que a Câmara dê aval, o Senado pode emperrar, ou o próprio presidente Lula poderia vetar ou reduzir fortemente o efeito da medida. O cenário eleitoral de 2026 pesa como um fator de cautela.
Estratégia política por trás da anistia
A aposta de Tarcísio na anistia vai além de uma pauta legislativa: ele e seus aliados veem nisso uma peça-chave para consolidar sua base no bolsonarismo, ampliando sua influência nacional rumo à disputa presidencial de 2026. A medida tem sido apresentada como forma de dar segurança política aos que foram implicados nos atos golpistas e restabelecer laços com segmentos ideológicos conservadores.
Riscos e consequências
- O projeto de anistia é altamente polarizador e carrega forte componente simbólico ligado ao julgamento dos atos de 8 de janeiro. Qualquer avanço pode causar reações fortes da oposição, instituições democráticas e setores que enxergam a proposta como ataque à responsabilização dos envolvidos em ataques à democracia.
- Politicamente, para Tarcísio, o recuo evidencia que ele ainda depende de alianças frágeis no Congresso — especialmente com o Centrão — para viabilizar pautas arriscadas. Se for visto como um movimento sem follow-through, pode abalar sua credibilidade como líder nacional.
- Para partidos e parlamentares, votar uma anistia ampla pode se tornar carga pesada em ano eleitoral, quando cada apoio será cobrado no voto. Alguns já preferem adotar “anistia light” ou versões com restrições — menos polêmicas — para evitar desgaste.