STF julga núcleo 4 da trama golpista — grupo acusado de agir como milícia digital — enquanto defesa tenta livrar subtenente de ligação com Bolsonaro
Réus são acusados de operar esquema de desinformação; defesa afirma que acusado “cumpriu ordens legais” e não conhecia ex-presidente

Na manhã desta terça (14), a Primeira Turma do STF iniciou o julgamento dos sete réus do núcleo 4 da “trama golpista”, acusado de operar uma milícia digital para difundir notícias falsas, atacar instituições democráticas e sustentar o intento antidemocrático de manter Bolsonaro no poder.
O relator Alexandre de Moraes e o procurador-geral Paulo Gonet destacaram que o grupo — composto por militares e civis — tinha atuação coordenada para corroer a confiança nas eleições, disseminar mentiras sobre urnas e formar um ambiente favorável à ruptura institucional. Gonet afirmou que “essas operações estratégicas tiveram papel essencial no apoio à instabilidade do dia 8 de janeiro” e que o núcleo 4 ajudou a “forjar narrativas que alimentaram o colapso institucional”.
Na acusação, os réus respondem por cinco crimes: tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, abolição violenta do Estado de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. O julgamento será realizado em várias sessões até 22 de outubro.
Durante a defesa, um dos réus em destaque é o subtenente Giancarlo Gomes Rodrigues, que alegou não conhecer Jair Bolsonaro e afirmou que apenas cumpriu “ordens legais” de seus superiores. A defesa buscou contestar vínculos ideológicos ou operacionais com o ex-presidente.
O julgamento acontece sob forte tensão institucional, com expectativa de que o STF reafirme a força do Judiciário contra tentativas de desvios democráticos. Para os acusadores, a condenação será uma resposta clara contra o uso de mentiras digitais como arma política — e um recado de que não haverá impunidade para quem tentou minar a ordem constitucional.