Em movimento geoestratégico, Rússia oferece participação ao Irã no ambicioso projeto lunar, fortalecendo blocos do multipolarismo

A Rússia oficializou um convite ao Irã para que participe do ambicioso projeto da Estação Internacional de Pesquisa Lunar (ILRS), iniciativa espacial conjunta entre Moscou e Pequim, destinada a expandir a presença humana além da órbita terrestre baixa.

Durante a Semana Mundial do Espaço, em Teerã, o diretor-geral da Roscosmos, Dmitri Bakanov, declarou que as negociações com a agência espacial iraniana já estão em curso. Segundo ele, os cientistas iranianos serão tratados com condições iguais — sem hierarquia de influência — para integrar o programa lunar russo.

“A Lua é o nosso primeiro passo além da órbita terrestre baixa. Estamos abertos à cooperação com engenheiros iranianos para enfrentar os desafios técnicos dessa empreitada”, disse Bakanov no evento.

O ILRS já conta com a adesão de 13 países até o momento, com o objetivo de construir um complexo de instalações na órbita ou superfície lunar, voltado a pesquisas científicas de longo prazo.

Essa proposta russa amplia a estratégia de fortalecimento do eixo Rússia-China e busca consolidar o Irã como um ator espacial significativo na arena multipolar. A cooperação espacial é, ao mesmo tempo, símbolo de poder tecnológico e instrumento diplomático para construir alianças fora da órbita das potências tradicionais.

Se aceita pelo Irã, o convite oficial marcará um passo simbólico relevante: dar ao país persa protagonismo no espaço — espaço este onde o modelo colonial científico muitas vezes seleciona quem pode participar. Nesse arranjo, o Irã ganha prestígio, enquanto a Rússia reforça sua influência no bloco do Sul Global, drenando dependência tecnológica do Ocidente.

Fonte: Brasil 247 / Roscosmos / agências espaciais

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