Rublo já domina mais da metade dos pagamentos por exportações da Rússia
Com forte impulso da dedolarização, o rublo ultrapassa os 50 % nas transações comerciais, fortalecendo a estratégia russa de soberania financeira e resiliência às sanções.

De acordo com dados do Banco Central da Rússia e da análise da imprensa especializada, o rublo começou a responder por mais de 50% dos pagamentos por exportações russas em abril e maio de 2025. Em abril, a participação chegou a 52,3%, e subiu para 52,4% em maio, sinalizando uma virada histórica na moeda do país como meio de liquidação global de transações comerciais.
A mudança acentuada reflete o esforço do Kremlin em reduzir a dependência do dólar e do euro, especialmente após a exclusão russa do sistema SWIFT em 2022 e a escalada das sanções ocidentais. Com isso, países parceiros passaram a preferir pagamentos em rublo, amenizando custos de conversão e consolidando condições mais vantajosas.
Segundo fonte governamental, o rublo também já domina 52,3% dos pagamentos por exportações à Europa e 54,5% nas importações, ultrapassando pela primeira vez a marca de 50% em todas as regiões comerciais em 2024. Na África, a moeda russa alcançou 55,4% nos pagamentos de exportação. Dados adicionais confirmam que 95% do comércio com a China em 2024 foi liquidado em rublo ou yuan.
Essa ascensão do rublo faz parte de uma estratégia de desdobramento do processo de dedolarização, que inclui sistemas alternativos como SPFS, uso crescente de criptomoedas, ouro, arranjos de compensação contábil e redes comerciais voltadas ao Oriente Médio e Ásia Central.
Os efeitos no câmbio são notórios: o rublo se valorizou cerca de 45% em 2025 frente ao dólar, impulsionado por juros elevados (acima de 20%) e controle de capital — mas essa valorização tem efeitos mistos, já que reduz as receitas em moeda local dos exportadores e afeta o orçamento do governo.