Redação

A Medida Provisória 1303, conhecida como MP do IOF, foi transformada no mais recente campo de batalha entre governo e Centrão. Ela tem papel central no plano fiscal da equipe econômica — estimada para gerar R$ 35 bilhões — mas agora sofre bloqueios que aliados enxergam como retaliação política.

Nos bastidores, fontes afirmam que parte do Centrão decidiu usar o embate para punir o governo por ter votado contra interesses do bloco em propostas como a PEC da blindagem. Um interlocutor descreveu o momento como: “virou antecipação de 2026”.

Deputados aliados interpretam a movimentação como litígio político: não se trata apenas de divergência técnica, mas de sabotagem de medida orçamentária essencial para manter programas sociais e compromissos públicos.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) foi incisivo ao criticar a tática:

“Viraram disputa eleitoral antes da eleição. Não há fundamento técnico para esse recuo — é retaliação pura.”

Já a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) denunciou que o bloqueio da MP ameaça saúde, educação e outras políticas sociais. Ela acusa o Centrão de escolher proteger bancos, fintechs e setores financeiros em vez de priorizar o povo.

Entre parlamentares da base, cresce a preocupação com o efeito cascata: se a MP não passar, o governo terá de cortar gastos ou contingenciar programas sociais — justamente no momento de maior vulnerabilidade fiscal.

O impasse tem origens políticas claras: a votação da PEC da blindagem, que contrariou interesses de segmentos do Centrão, teria despertado ressentimentos. Agora, essas forças reagem dificultando aprovações essenciais.

Se essa estratégia prevalecer, o Brasil pode assistir ao uso deliberado da máquina legislativa para desgastar o governo antes mesmo da campanha eleitoral. EM vez de debate técnico, o que vemos é política de retaliação e revanchismo — a antecâmera de 2026.