Assim como na privatização da Eletrobrás, o esquema do 8/1 revela: o poder econômico sempre usa laranjas

INTRODUÇÃO
Em 2022, o governo Bolsonaro vendeu a Eletrobrás por R$ 33 bilhões — um terço do seu valor real. Em 2023, os mesmos grupos que lucraram com a privatização apareciam nos recibos de ônibus que levaram golpistas a Brasília no 8 de janeiro. A lição é clara: quando o poder econômico joga sujo, sempre tem um laranja para assinar a nota fiscal.
1. O MANUAL DO LARANJA: DA ELETROBRÁS AO PLANALTO
Conexão entre privatizações de estatais e financiamento de atos golpistas como o 8 de janeiro.
A privatização da Eletrobrás seguiu o roteiro clássico:
- Empresas de fachada compraram ações (algumas criadas semanas antes do leilão);
- Grandes grupos operaram por trás (como o fundo canadense CPPIB, que hoje controla 10% da empresa);
- O povo arcou com a conta: a luz subiu 28% em 1 ano.
No 8 de janeiro, o mecanismo foi idêntico:
- Ônibus registrados em nomes de laranjas (como a “Viação Sol Nascente”, de SP, que não existe no Cadastro Nacional);
- Depósitos bancários feitos por intermediários (rastreados pela PF até contas de agroempresários);
- Os patrões, é claro, estavam em Miami ou em hotéis 5 estrelas.
2. QUEM MANDA NÃO APARECE: OS DONOS DO CAOS
A PF já identificou 3 padrões nos dois casos:
Privatização da Eletrobrás | 8 de Janeiro |
---|---|
Laranjas compram ações | Laranjas alugam ônibus |
Bancos offshore recebem lucros | Agroempresários depositam em pequenas transportadoras |
Governo abre licitação às pressas | Bolsonaro viaja para Orlando 2 dias antes |
O elo? A estratégia do “plausible deniability” (negação plausível). Se der errado, o laranja quebra; se der certo, o verdadeiro dono embolsa o lucro.
3. POR QUE ISSO IMPORTA EM 2024?
Enquanto o STF julga os invasores do Planalto, as engrenagens do esquema continuam rodando
- A mesma bancada ruralista que aprovou a venda da Eletrobrás agora pressiona por anistia aos golpistas;
- Os mesmos bancos (BTG Pactual, Itaú) que financiaram o leilão são os que bancam campanhas de deputados “neutros”.
A diferença é que, desta vez, as provas estão vazando:
- Gravações mostram empresários combinando depósitos em espécie;
- E-mails da Eletrobrás revelam pressão para aceitar lances suspeitos.
CONCLUSÃO: O LARANJA É SÓ A PONTA DO ICEBERG
Se na privatização o prejuízo foi R$ 70 bilhões (valor subestimado da Eletrobrás), no 8 de janeiro o custo foi a democracia. Mas o método é o mesmo: uma cortina de fumaça de gente pequena, enquanto os donos do poder riem da justiça.
A pergunta que fica: Quantos laranjas precisarão ser queimados até o Brasil enxergar quem está por trás do palco?