Blogs bolsonaristas podem até sonhar com a revogação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Mas a realidade jurídica é outra: provas robustas contra o ex-presidente, reincidência em desafios à lei e um STF imune à pressão golpista indicam que a sanção veio para ficar.

Revogar a prisão domiciliar de Bolsonaro? Só na imaginação bolsonarista

Nos últimos dias, aliados e blogueiros bolsonaristas têm alimentado o boato de que Alexandre de Moraes estaria prestes a revogar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. Seria o alívio dos sonhos para a ultradireita – se fosse verdade. Mas, na realidade, Moraes não dá nenhum sinal de voltar atrás. Muito pelo contrário.

Provas robustas e reincidência

Moraes já acumulou provas de sobra para manter Bolsonaro em regime domiciliar. Do esboço de decreto golpista encontrado na casa de um ex-ministro às mensagens conspiratórias disseminadas por aliados, os indícios de ataques à democracia são vastos e contundentes. Não se trata de implicar Bolsonaro sem base: há farto material probatório ligando-o à incitação de atos antidemocráticos e à divulgação de fake news que minam o processo eleitoral.

Além disso, a reincidência pesa. Mesmo após ser enquadrado, Bolsonaro não conteve sua retórica incendiária – apenas terceirizou. Impedido de disparar bravatas nas redes sociais, passou a contar com porta-vozes oficiosos para espalhar suas teorias conspiratórias por ele. Essa tentativa de driblar as restrições (usando perfis de aliados e familiares como megafone) só agravou sua situação legal. Quem acha que Moraes vai ignorar esse comportamento reiterado está enganado: em vez de mostrar arrependimento, o ex-presidente seguiu testando os limites da Justiça.

Pressão da ultradireita não surte efeito no STF

É evidente que a pressão da ultradireita – seja nas redes, nas ruas ou no Congresso – não tem peso sobre o Supremo Tribunal Federal. Os ministros do STF, especialmente Moraes, já enfrentaram ofensas, ameaças e até uma tentativa de invasão golpista em 8 de janeiro. Acham mesmo que meia dúzia de parlamentares exaltados e influencers barulhentos vai convencê-los a afrouxar a lei? Difícil.

Moraes, apelidado de “Xandão” (para o desespero dos bolsonaristas), construiu sua fama justamente por não se curvar a gritos autoritários. Desde o inquérito das fake news até as investigações dos atos antidemocráticos, ele mostrou mão firme contra quem atenta contra a ordem constitucional. A cada ataque da base radical, o STF responde com mais independência e rigor. Em outras palavras: berrar não adianta. A lei fala mais alto que os memes golpistas e as ameaças veladas.

Boato alimenta a falsa esperança dos golpistas

Essa especulação de revogação da prisão domiciliar atende muito mais aos desejos vassalocratas do que a qualquer fato concreto. É o velho roteiro bolsonarista de ilusão coletiva:

  • Intervenções “milagrosas” prometidas e nunca realizadas
  • Datas “decisivas” marcadas que passam sem nada acontecer
  • Profecias de redenção fabricadas para manter acesa a fé dos seguidores mais fanáticos

Já vimos esse filme antes.

Enquanto influenciadores bolsonaristas vendem a ideia de um Moraes prestes a dar marcha à ré, nos bastidores reais de Brasília nada mudou. Juridicamente, não há brecha para libertar Bolsonaro das amarras domiciliares neste momento. A punição foi imposta por motivos graves e continua absolutamente fundamentada. Quem finge o contrário está apenas oferecendo falsa esperança a um público que, após sucessivas derrotas, se agarra a qualquer ilusão de reviravolta.

Em resumo, Bolsonaro não vai se livrar tão cedo de sua nova bijuteria eletrônica – a tornozeleira que o mantém em casa. A prisão domiciliar veio para ficar, quer a tropa bolsonarista goste ou não. No mundo real, Alexandre de Moraes permanece firme. E o ex-presidente, por ora, permanecerá exatamente onde está: em casa, assistindo de camarote ao desenrolar da Justiça, enquanto seus apoiadores reclamam no Twitter.

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