R$ 2 milhões em PIX: como doações a Bolsonaro financiaram lobby por sanções contra o STF
Ex-presidente omite repasses e financiou manobra internacional para tentar enfraquecer o Supremo

A Polícia Federal apresentou no Supremo Tribunal Federal as novas evidências que revelam um escândalo político e institucional. Jair Bolsonaro transferiu R$ 2 milhões via PIX para sua esposa, Michele, um dia antes de seu depoimento num inquérito que apura o envolvimento do filho, Eduardo Bolsonaro, na articulação de sanções internacionais contra os ministros do STF. E ainda: o ex-presidente havia confirmado outro PIX de R$ 2 milhões para o próprio Eduardo, com o intuito de sustentar sua campanha no exterior contra o ministro Alexandre de Moraes.
Segundo o relatório da PF, Bolsonaro deliberadamente omitiu esses envios em seu depoimento no INQ 4.995/DF. A conclusão é clara: havia intenção de mascarar a origem e a finalidade desses valores — relacionados à defesa dos interesses de sua família e aos ataques à Suprema Corte. “Não houve qualquer justificativa para transferência de recursos no mesmo valor para Michelle Bolsonaro apenas um dia antes do interrogatório”, destaca o relatório.
Já em junho, em depoimento à PF, Bolsonaro admitira ter feito “um Pix de R$ 2 mi para Eduardo”, afirmando que o dinheiro era “limpo, legal”. Ele negou, porém, que as eventuais sanções dos EUA fossem consequência direta da atuação do filho — atribuiu-as a decisões administrativas do ministro Alexandre de Moraes.
Nesse contexto, a PGR solicitou no STF a abertura da investigação contra Eduardo e Jair Bolsonaro, com base em indícios de que o parlamentar buscou sanções contra ministros do STF com o intuito de prejudicar o julgamento da trama golpista em curso.