Suspeita de alerta prévio levou à fuga de líderes investigados; inquérito mira agentes e apura falhas sistêmicas na coordenação

Brasília/São Paulo, 29 de agosto de 2025 – A Polícia Federal (PF) instaurou inquérito para apurar um possível vazamento de informações que pode ter comprometido a recente megaoperação contra o Primeiro Comando da Capital (PCC). A suspeita se instalou após oito dos 14 mandados de prisão preventiva não terem sido cumpridos, incluindo a fuga de nomes-chave da organização, como Mohamad Hussein Mourad e Roberto Augusto Leme da Silva, o “Beto Louco”.

Segundo o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, “não é estatística normal da PF cumprir apenas 6 de 14 mandados”; por isso, será investigado se houve vazamento de dados sensíveis ou facilitação por agente público.

O que motivou a suspeita

  • Delegados relataram estranheza pela fuga de investigados monitorados por semanas, justamente na véspera da ação, o que acendeu o alerta quanto à integridade da operação.
  • Em uma possível evidência de antecipação, foi encontrada “sede do crime” em Curitiba com computadores removidos e espaço desmontado — sinalizando possível informação antecipada sobre a ofensiva.

Impacto na operação

A denúncia de falhas compromete o alcance da Operação Carbono Oculto, que mobilizou cerca de 1.400 agentes em oito estados, resultou em mais de 350 mandados de busca e apreensão, bloqueios de R$ 3,2 bilhões em bens e revelou um esquema de lavagem envolvendo R$ 140 bilhões em combustíveis e fundos de investimento.

Embora não tenha atingido todos os alvos esperados, a operação ainda pode fornecer material essencial para novas apurações. Documentos, registros financeiros e equipamentos teriam sido apreendidos e podem conduzir a novos núcleos criminosos.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que haverá reforço na regulação das fintechs e fundos, agora equiparados aos bancos em termos de fiscalizações, com uso de inteligência artificial para rastrear movimentações suspeitas.


O que está em apuração

  1. Identificar o ponto de vazamento de informações cruciais.
  2. Determinar se houve conivência ou facilitação interna.
  3. Assegurar o cumprimento dos mandados restantes.
  4. Fortalecer os canais interagências envolvidos: PF, Receita, ANP, MP-SP e estaduais.

Conclusão

A suspeita de vazamento representa uma falha grave em um momento de intensa mobilização institucional contra o crime organizado. Mas a abertura deste inquérito também demonstra disposição do Estado para corrigir seus rumos com transparência e rigor, reforçando a urgência de integrar tecnologia, inteligência e controle ético na estrutura de segurança nacional.

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