Enquanto buscas avançam em sindicato investigado por fraudes no INSS, setor ocupado pelo irmão de Lula é deixado intacto

Em mais um capítulo da guerra institucional que o governo enfrenta, a Polícia Federal realizou nesta quinta-feira (9) uma operação de busca e apreensão no Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), em São Paulo, envolvendo investigações sobre um esquema de fraudes em descontos de benefícios do INSS.

O fato chamou atenção: os agentes federais entraram na sala ocupada por José Ferreira da Silva, o Frei Chico (irmão do presidente Lula), mas — segundo relato oficial e da imprensa — não vistoriaram seus pertences, deixando sua mesa intocada.

Fontes da operação afirmaram que os policiais perguntaram qual mesa era da secretária-geral, Andreia Gato, e voltaram-se apenas ao espaço identificado como pertencente a ela. Frei Chico divide o ambiente com ela.

A ação faz parte da Operação Sem Desconto, que investiga supostas inserções fraudulentas de dados no sistema do INSS para realizar descontos indevidos em aposentadorias. Ao total, foram cumpridos 66 mandados de busca e apreensão autorizados pelo ministro André Mendonça (STF) em oito estados.

Também foram apreendidos computadores do presidente do sindicato, Milton Cavalo, além de documentos e equipamentos da cooperativa de crédito ligada à entidade.

Perguntado sobre a operação, Frei Chico disse que ficou sabendo apenas pela imprensa: “Sem comentários, se a polícia quiser vir aqui investigar, pode vir. Não tenho nada o que comentar.”

O sindicato afirmou estar “muito tranquilo em relação a esse processo”.

Um dos elementos controversos é que Frei Chico não consta como alvo formal da investigação, e sua mesa foi explicitamente poupada, mesmo ele ocupando aquela sala como vice-presidente do sindicato.

É preciso que a Justiça federal garanta que a operação não seja usada como instrumento de perseguição, mas de apuração séria e isenta. A luz pública exige transparência: cada mesa aberta tem que ser aberta, cada papel checado com rigor — sem “mesas de exceção” que criam cortinas simbólicas no coração de uma investigação que mira fraudes contra os mais vulneráveis.

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1 comentário em “PF entra em sala de Frei Chico no sindicato, mas ignora sua mesa durante operação

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