PCC usava fintechs como “banco paralelo” para lavar R$ 46 bi entre 2020 e 2024
Investigação revela que facção operava via fintechs, fundos e postos de combustíveis para inserir dinheiro ilícito no sistema bancário.

São Paulo, 28 de agosto de 2025 – Uma investigação conjunta do Ministério Público de São Paulo, Receita Federal e Polícia Federal expôs a forma mais sofisticada de lavagem de dinheiro do crime organizado: o PCC operava por meio de fintechs que funcionavam como bancos paralelos, movimentando R$ 46 bilhões em apenas quatro anos, entre 2020 e 2024. A área de atuação envolvia toda a cadeia de combustíveis — da importação ao posto — com comando em pontos estratégicos como a Avenida Faria Lima, verdadeiro refúgio financeiro da facção.
A operação batizada de Carbono Oculto já cumpriu 350 mandados em empresas e pessoas físicas, incluindo 15 em um único edifício na Faria Lima. Fintechs, fundos de investimento e distribuidoras estavam no centro do esquema.
Detalhes revelados:
- O BK Bank, fintech sediada na Faria Lima, foi usada para movimentar recursos por meio de contas-bolsão — gerando transações não rastreáveis individualmente e facilitando a lavagem em larga escala.
- A facção mantinha pelo menos 40 fundos de investimento, com patrimônio estimado em R$ 30 bilhões, usados para ocultar patrimônio ilícito e reinvestir em bens como fazendas, imóveis, terminais e usinas.
- O setor de combustíveis foi o pivô da operação: mais de 1.000 postos em 10 estados movimentaram R$ 52 bilhões entre 2020-2024, mas recolheram tributos incompatíveis com as receitas reais — uma indicação clara de fraude fiscal em massa.
- Os recursos ilícitos foram aplicados em diversos setores da economia formal — incluindo usinas, usinas de etanol, caminhões, terminais portuários, imóveis e até uma casa de luxo em Trancoso (BA).
Por que isso é relevante:
O Estado encontrou o coração do sistema que sustenta o crime organizado não no tráfico, mas na financeirização — fintechs, fundos e combustíveis servindo como escudo econômico da barbárie. Esse é o núcleo infiltrado que o projeto capitalista devassado pelos interesses vassalocratas deixa vulnerável.
