Câmara veta comissões usadas pela direita para mobilizar campanha midiática, operadores do ex‑presidente protestam e convocam manifestações em resposta

Parlamentares da oposição denunciam que a decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta, de suspender sessões de comissões durante o recesso — incluindo Segurança Pública e Relações Exteriores — foi uma manobra “antirregimental e ilegal”, que cerceou o único espaço disponível para manifestações oficiais de apoio a Jair Bolsonaro.

Os líderes bolsonaristas chegaram a reunir quórum mínimo para votar moções de solidariedade ao ex‑presidente e repúdio às decisões do Supremo Tribunal Federal, mas foram impedidos pelo ato de Motta, que sequer estava em Brasília, o que, segundo a oposição, só reforçou o caráter irregular do veto.

O líder do PL na Câmara classificou a decisão como uma extensão da “censura da caneta de Alexandre de Moraes”, que agora ecoa dentro do Legislativo. Ele enfatizou que a suspensão das comissões serviu para calar vozes da direita e enfatizou que deputados que ousam contestar o Judiciário estão sendo tratados como inimigos da democracia.

Em tom de campanha antecipada, os bolsonaristas afirmaram que não vão se render ao recuo: pediram apoio popular e convocaram manifestações nas ruas para o dia 3 de agosto, véspera da reabertura oficial dos trabalhos — definindo a pauta como uma ofensiva contra o que chamam de “perseguição política”.

Na visão progressista, contudo, trata-se de manobra midiática e distracionista. A suspensão das sessões durante o recesso segue normas regimentais e desmascara o núcleo bolsonarista, que buscava usar o intervalo para criar espetáculo político sem compromisso com debates consistentes.

O episódio revela um contexto de direita radical, que aposta em figuras do Executivo — mortas em medidas cautelares — como bandeiras de resistência. Assim, a tentativa de interferir no funcionamento parlamentar vira um sinal de debilidade política, não força — a cada veto, cresce a crítica de que o Legislativo está servindo como caixa de ressonância para spoiler antidemocrático.

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