Receita Federal identifica rede de lavagem de dinheiro envolvendo facção criminosa e empresas do setor de combustíveis

A Operação Carbono Oculto, deflagrada recentemente pela Receita Federal e pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), expôs um esquema massivo de lavagem de dinheiro que envolve 15 investigados vinculados ao PCC como sócios diretos de 251 postos de combustíveis em ao menos quatro estados.

O levantamento, realizado em conjunto com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), revelou que grande parte desses postos está concentrada em São Paulo, com 233 empreendimentos. Os demais estão distribuídos em Goiás (15 postos), Paraná (2) e Minas Gerais (1).

Dos 251 postos, 127 operam “bandeira branca” — sem vínculo com grandes distribuidores — enquanto os demais são associados a marcas como Ipiranga (52), Rodoil (33), Petrobras (29) e Shell (12). Importante: nenhuma distribuidora foi apontada até agora como alvo direto da investigação.

No âmbito da apuração, além da Receita Federal e do MPSP, órgãos como a ANP serão acionados para instaurar processos administrativos que podem culminar em revogação de autorizações de funcionamento dos postos suspeitos.

Quem são os alvos

Entre os nomes citados como sócios de maior expressão no esquema estão:

  • Pedro Furtado Gouveia Neto (56 postos)
  • Luiz Felipe do Valle Silva do Quental de Menezes (49 postos)
  • Guilherme da Silva Oliveira (38 postos)
  • Bruno Sato Alves Pereira (38 postos)
  • Outros investigados com menor número de postos: Ricardo Romano (16), Armando Hussein Ali Mourad (15), Luiz Ernesto Franco Monegatto (13), Himad Abdallah Mourad (10) etc.

As defesas desses investigados negaram irregularidades, declarando que suas operações são legais. Alguns disseram que só se manifestarão formalmente no curso dos processos.

Contexto e importância da operação

A Operação Carbono Oculto representa um marco nas investigações contra o PCC, pois liga diretamente a facção ao setor de combustíveis — um dos mais lucrativos e com grande possibilidade de ocultação de recursos ilícitos.

Segundo registros públicos, o esquema investigado teria envolvido movimentações financeiras bilionárias em redes de postos, uso de “empresas de fachada” e intermediação por meio de fintechs para lavar dinheiro criminoso.

Essa operação traz à tona a dimensão empresarial do crime organizado, mostrando que o PCC não atua apenas no tráfico ou no controle territorial, mas também na gestão de negócios aparentemente legítimos.

É urgente que as autoridades aprofundem a investigação, imponham sanções administrativas e criminais, e rompam o véu de impunidade que ainda protege quem lucra com a morte e a criminalidade.

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