Moraes aponta que governo Bolsonaro e militares formaram “organização criminosa” durante trama golpista
Ministro do STF acusa ex-governo e forças armadas de coordenarem ação antidemocrática para depor governo eleito

Durante sessão do julgamento do Núcleo 4 da trama golpista, nesta terça-feira (14), o ministro Alexandre de Moraes afirmou que a acusação da PGR descreve uma organização criminosa composta por integrantes do governo Bolsonaro e militares, com o objetivo de derrubar o governo legitimamente eleito.
Segundo Moraes, “a organização criminosa foi composta em sua maioria por integrantes do governo federal da época e por militares das Forças Armadas, com o claro objetivo de depor o governo legitimamente eleito”. Ele fez essa afirmação no julgamento do Núcleo 4 da Ação Penal 2694, que investiga o uso de desinformação e ataques institucionais como parte da estratégia golpista.
A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) recai sobre sete réus que teriam colaborado com o núcleo 4, todos suspeitos de envolvimento em atuação de desinformação direcionada contra as urnas e instituições do Estado. A PGR requereu a condenação dos acusados: Ailton Gonçalves Moraes Barros, Ângelo Martins Denicole, Carlos César Moretzsohn Rocha, Giancarlo Gomes Rodrigues, Guilherme Marques Almeida, Marcelo Araújo Bormevet e Reginaldo Vieira de Abreu.
No julgamento, Moraes e o procurador Paulo Gonet destacaram que o grupo atuou de forma articulada para corroer a confiança nas eleições e fomentar dúvidas sobre a integridade das urnas eletrônicas. Gonet reforçou que a trama utilizou estrutura estatal e recursos públicos para ampliar o alcance das narrativas fraudulentas.
Esse posicionamento do relator reforça a tese de que o golpe de 2022 não foi obra de um punhado de apoiadores radicais, mas um sistema com participação institucional, envolvendo militares e atores governamentais diretamente vinculados ao projeto bolsonarista.