Bolsonaro mandou mensagens a Fux dois dias antes da operação da PF
Ao invés da jogada institucional, Bolsonaro recorre a mensagem para Fux às vésperas da PF bater à porta

O celular de Jair Bolsonaro, apreendido pela Polícia Federal em 3 de maio de 2023, revelou mensagens inéditas enviadas ao ministro Luiz Fux, do STF, no dia 1º de maio — apenas dois dias antes da operação da PF, o que levanta suspeitas sobre tentativas de intimidação ou influência direta sobre o Judiciário.
Em uma das mensagens, Bolsonaro compartilhou um vídeo de sua participação no evento Agrishow, em Ribeirão Preto, acompanhado da legenda: “Obrigado, meu Deus… Ribeirão Preto/SP. 01/maio/2023. Agrisho. [sic]”. Não houve qualquer resposta de Fux, e os sistemas indicam que o envio foi via lista de transmissão — ou seja, o ministro recebeu o conteúdo junto com outros contatos, sem diálogo individualizado .
Além disso, os dados extraídos mostram que Bolsonaro apagou manualmente todos os diálogos anteriores à última semana de abril de 2023, o que limita o entendimento sobre o histórico de interações entre ele e o STF.
Essas mensagens surgem justamente no período em que eram realizadas articulações para abertura de CPIs contra ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes — e reforçam que Bolsonaro vinha mantendo urgentes tentativas de pressão, mesmo diante de investigações por tentativa de golpe e organização criminosa no âmbito da Operação Contragolpe .
Até o momento, não houve manifestação oficial da defesa de Bolsonaro sobre essa descoberta. O episódio reforça o cenário de tensão entre o ex-presidente e a Corte e coloca em xeque a ideia de que ele estaria colaborando com os mecanismos de investigação em curso.