Empresários, fintechs, fundos e distribuidoras compõem o mapa da lavagem de dinheiro que tomava a economia formal de assalto.

São Paulo, 28 de agosto de 2025 – Uma das maiores ofensivas contra o crime organizado no país foi deflagrada hoje pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e pela Receita Federal, em conjunto com a Polícia Federal e o Ministério Público. A operação, que cumpriu cerca de 350 mandados de busca e apreensão, está direcionada a um esquema criminoso alicerçado em empresas de combustíveis, instituições financeiras e o coração da Faria Lima — com o objetivo claro de quebrar a estrutura econômica do Primeiro Comando da Capital (PCC).

Entre os principais alvos, aparece Mohamad Hussein Mourad, apontado como o epicentro do esquema criminoso, e Roberto Augusto Leme (‘Beto Louco’), suspeito de centralizar fraudes fiscais e lavagem de dinheiro via fintechs e combustíveis.

Também foram alvos destacados:

  • Marcelo Dias de Moraes, presidente da Bankrow Instituição de Pagamento;
  • Camila Cristina de Moura Silva (Caron), diretora financeira da BK, fintech usada como “banco paralelo” pelos criminosos.

A operação atingiu não apenas pessoas físicas, mas também instituições financeiras e empresas diretamente ligadas ao esquema. A lista inclui nomes como:

  • BK Instituição de Pagamento S.A.;
  • Bankrow Instituição de Pagamento S.A.;
  • Reag Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.;
  • Uma ampla carteira de outros players financeiros — Altinvest, BFL Administração, Banco Genial, entre outros — e diversos fundos de investimento (“Zeus”, “Atena” e muitos mais), que juntos somam mais de R$ 30 bilhões em ativos.

Também se destacam várias distribuidoras e empresas de combustíveis:

  • Aster Petróleo Ltda.
  • Safra Distribuidora de Petróleo S/A
  • Duvale Distribuidora de Petróleo e Álcool Ltda.
  • Arka Distribuidora de Combustíveis Ltda.
  • Entre outras, inclusive empresas de conveniência e participações societárias suspeitas.

Panorama do Esquema

A investigação revelou uma teia criminosa sofisticada, que partia da importação ilegal de metanol pelo Porto de Paranaguá, Paraná, para adulterar combustíveis e abastecer uma rede de postos manipulados pelo PCC. Contadores especializados blindavam transações, enquanto fintechs — verdadeiros “bancos paralelos” — e fundos multimilionários mantinham o dinheiro do crime longe do radar. A lógica era clara: infiltrar-se na economia formal com artifícios legais para financiar a violência e dominá-la com as próprias armas do sistema que deveriam combatê-lo.

A operação desdobrou-se em oito estados, deixando claro que o crime não se limita à ilegalidade nas favelas — ele se espalha por entornos modernos como a Faria Lima, onde a lógica do lucro encontra espaço para prosperar à sombra da burguesia financeira.

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