Enquanto bolsonaristas convocam passeata por perdão aos golpistas, ato fracassa em número de participantes — e oposição aproveita para expor descompasso político

Na tarde desta terça-feira (7), aconteceu em Brasília uma marcha convocada por bolsonaristas para pedir “anistia ampla, geral e irrestrita” a quem participou de manifestações golpistas. O que se viu foi um ato esvaziado, conturbado e simbólico de um movimento que tenta reaparecer politicamente, mas parece não encontrar público.

Segundo o Diário do Centro do Mundo, o evento reunia figuras ligadas à extrema-direita, incluindo parlamentares e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), convocado pelo pastor Silas Malafaia. Mas as imagens mostraram ruas pouco ocupadas — o ato ficou marcado por vídeos e memes satíricos sobre sua baixa adesão.

O ato foi realizado em plena terça-feira — segundo Malafaia, por falta de tempo para mobilizar algo mais robusto num domingo. A estratégia, porém, pareceu falhar: poucas pessoas compareceram, e a mobilização não correspondeu ao discurso inflamado da convocação.

O deputado Rogério Correia (PT-MG) usou um vídeo publicado em suas redes para criticar o evento e expor o contraste entre o discurso e a realidade. “Não dá nem pra andar aqui em Brasília com esse fiasco da marcha pela ‘anistia’”, disse ele. Para Correria, o ato é reflexo do momento político do país, em que o governo está funcionando e o desemprego atinge patamar mais baixo.

Correia ainda comentou ironicamente que o fracasso escancara como “um país que tem governo trabalhando e está quase em pleno emprego” reage ao bolsonarismo — ou como reação política diluída diante de avanços econômicos.

A proposta em debate é o Projeto de Lei 2162/2023, que propõe conceder anistia a participantes de manifestações políticas ocorridas entre 30 de outubro de 2022 e a data da entrada em vigor da lei — incluindo atos relacionados ao 8 de janeiro de 2023. Parlamentares bolsonaristas esperam que o perdão seja estendido a Bolsonaro.

A votação para tramitação desse PL foi aprovada com urgência na Câmara: 311 deputados a favor, 163 contra e 7 abstenções.

O episódio deixa claro: o bolsonarismo tenta ressurgir com retórica de impunidade, mas esbarra no desgaste político, na falta de capilaridade e no fortalecimento de uma base crítica que fiscaliza e expõe o embuste — inclusive com vídeos que viralizam nas redes.

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