Enquanto Trump envia destróieres a caminho das águas venezuelanas sob pretexto antinarcóticos, Maduro reforça seu aparato armado como reação a uma escalada imperial que ameaça a soberania regional

Em resposta à crescente ofensiva dos EUA, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mobilizou 4,5 milhões de milicianos chavistas para defender o território nacional. A decisão foi anunciada após o governo Trump dobrar para US$ 50 milhões a recompensa por sua captura, além de avançar com envio de embarcações militares ao Caribe para combater cartéis de drogas — ação claramente inspirada na doutrina Monroe, de repressão externa disfarçada de segurança.

Maduro afirmou que pretende “ativar nesta semana um plano especial … milícias preparadas, ativadas e armadas. Fuzis e mísseis para a força camponesa! Para defender o território, a soberania e a paz da Venezuela.”

O cerco estadunidense inclui o deslocamento de três destróieres de mísseis guiados da classe Aegis — USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson — nas próximas 36 horas, além de cerca de 4.000 marinheiros e fuzileiros navais, com apoio de aviões espiões P-8, submarinos de ataque e embarcações de reconhecimento. Oficialmente, o objetivo é combater cartéis de drogas latino-americanos que foram rotulados de “organizações terroristas globais” pelo governo Trump.


Contexto crítico

Essa escalada demonstra com clareza que estamos diante de mais um capítulo da segunda Guerra Fria, com os EUA reimpedindo sua influência sobre o Sul Global. A Venezuela — com histórico de resistência interna e deitar de pé anticolonial — se vê tragada para um conflito geopolítico de retórica securitária, que não se trata apenas do combate às drogas, mas de controle estratégico regional.

A mobilização de milhões de civis armados expõe a pressão externa exacerbada. Por outro lado, a militarização da região com navios, caças e submarinos escancara o uso da segurança nacional como pretexto para contenção política e dominação.

Trata-se de uma encruzilhada simbólica: de um lado, líderes do Norte armado — que justificam sua atuação como “combate ao crime organizado”, mas impõem militarização e recompensas pessoais. Do outro, um governo acusado de narcotráfico, que fortalece milícias como resposta à tentativa de cerco.

A verdadeira luta é contra a persistência da lógica colonial. E essa só pode ser enfrentada com consciência geopolítica, unidade antimperialista e defesa das instituições democráticas espanholas.

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