Quadrilhas teriam usado metanol para higienizar garrafas reaproveitadas, deixando resíduos perigosos que intoxicaram consumidores

A onda de intoxicações por metanol, que já ocasionou pelo menos onze mortes, pode ter uma causa menos óbvia — e ao mesmo tempo mais perversa — por trás: uso do solvente para “limpeza” de garrafas reaproveitadas em fábricas clandestinas. Essa suspeita, alvo da investigação da Polícia Civil de São Paulo, hoje aparece como linha central das apurações.

Fontes ligadas às investigações afirmam que quadrilhas especializadas em falsificação estariam recorrendo a um artifício cruel: recolher garrafas usadas de vodca, gin e uísque, submetê-las a lavagem com metanol para eliminar vestígios do conteúdo original, e então reabastecê-las. Quando a lavagem é mal feita, parte do metanol permanece, contaminando o produto final e intoxicando quem consome.

O percurso das garrafas, segundo policiais, começa em bares e restaurantes, que as cedem ou vendem a redes clandestinas. A partir daí, entram num circuito de refabricação ilegal, muitas vezes com pouca estrutura sanitária e controle técnico. Até o momento, nenhum suspeito formal foi preso.

Os investigadores também enfrentam o desafio de identificar a origem do metanol usado, uma substância importada e com circulação restrita. A contaminação por lavagem é apenas uma hipótese: outro ponto da apuração é se o metanol estaria sendo misturado diretamente às bebidas para aumentar o volume e o lucro das operações clandestinas.

A resposta legislativa já começou a emergir. Na Câmara, deputados aceleram a tramitação de projeto que tipifica como crime hediondo a adulteração de bebidas e alimentos. Brasil 247 A proposta ganha força diante da tragédia provocada pela contaminação. Brasil 247

Esse caso expõe duas feridas estruturais do país: a fragilidade das fiscalizações estaduais e uma cadeia de criminalidade que lucra sobre o risco à vida. Urge que os órgãos de controle — ANVISA, polícias estaduais e penalidades federais — atuem com rigor máximo para estancar essa barbárie.

Fonte: Brasil 247

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