A ex-aliada expõe insinuações cruéis de Bolsonaro pouco antes do ataque; a facada, em vez de ser tragédia, pode ter sido expediente político

Em relato explosivo, Joice Hasselmann afirmou que ouvia de perto uma faceta sombria da candidatura de Jair Bolsonaro em 2018. Em uma live, ela relatou que Bolsonaro confidenciou a ela, entre 10 a 15 dias antes do atentado, que se ele fosse alvo de facada, venceria as eleições — o que efetivamente ocorreu no dia 6 de setembro de 2018. Essa fala, segundo Revista Fórum, deixa claro o cálculo estratégico por trás de uma violência que deveria ter sido chocante e repelida — mas que virou munição política.

A deputada recordou que sempre sugeria a Bolsonaro que usasse colete à prova de balas nos comícios — e lembrava o discurso marcante do então candidato, proferido com naturalidade quase fria: “se eu tomasse facada, ganhava a eleição”. Tudo isso pouco mais de uma semana antes de o atentado acontecer. Uma frase que escancara a instrumentalização da própria integridade física como palanque político.

Esse episódio não abre margem para neutridade — escancara que a facada deixou de ser um trágico acaso para virar uma engrenagem da máquina eleitoral. Ao dizer isso, Joice expõe o caráter perverso da política bolsonarista: usar o sofrimento como narrativa, virar mártir serializado para articular poder. É um alerta para a democracia brasileira: quando a violência se torna instrumento de narrativa, o inimigo não está apenas na rua — está no palco.

Joice, antes líder do governo no Congresso, agora rompia com Bolsonaro não só politicamente, mas eticamente. A revelação reforça o retrocesso moral que esse governo incorporou: um atentado que deveria ter sido denunciado como horror foi transformado, estrategicamente, em arma discursiva. A guerra ao autoritarismo passa também por expor essas falas — para que o passado autoritário não seja diluído em palanque. Justiça, memória e verdade precisam ser conjuntas nesse combate inadiável.

Fonte: Revista Fórum — “Joice Hasselmann fala de conversa comprometedora com Bolsonaro antes da facada”

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