Israel sequestra flotilha com brasileiros que levava ajuda humanitária a Gaza
Missão internacional é interceptada por forças israelenses em águas internacionais; ativistas denunciam “sequestro” e corte de comunicações

A flotilha humanitária Global Sumud, composta por cerca de 40 embarcações e aproximadamente 500 voluntários, foi interceptada e cercada por navios militares israelenses ao se aproximar da Faixa de Gaza. Entre os ocupantes estão brasileiros e militantes do PSOL.
A missão pretendia aportar ajuda humanitária ao enclave palestino na manhã desta quinta-feira (2). Autoridades israelenses afirmam que a flotilha violava o bloqueio naval imposto sobre Gaza.
Brasileiros na missão e denúncias de “sequestro”
Estavam a bordo os ativistas brasileiros Thiago Ávila, Nicolás Calabrese (RJ), Gabi Tolotti (RS) e Mariana Conti (vereadora em Campinas).
Militantes do PSOL gravaram vídeos preventivamente para divulgação caso fossem detidos. “Se você tá assistindo esse vídeo agora, é porque fomos interceptados e sequestrados contra nossa vontade”, disse Mariana Conti.
Eles afirmam que participavam de ação pacífica e legal de entrega de alimentos e remédios — e que não portavam armas.
Modus operandi da interceptação
As embarcações Alma e Sirius estariam entre as abordadas. O jornalista Lorenzo D’Agostino (Reuters) relatou que a comunicação com o Sirius foi interrompida no momento da ação.
Vídeos relatam manobras intensas de navios e drones ao redor da flotilha durante a noite, num claro esforço de intimidação. Câmeras a bordo e transmissões ao vivo teriam sido desligadas à força.
As Forças Militares de Israel justificaram que a missão infringiu o bloqueio naval, e propuseram que a ajuda fosse entregue em portos controlados por Israel ou países vizinhos, como Chipre ou Egito.
Reações e repercussão diplomática
Organizações como Amnesty International pediram proteção imediata aos ativistas e qualificaram a ação como violação de direitos humanos.
A relatora da ONU para os Territórios Palestinos Ocupados, Francesca Albanese, afirmou que as águas próximas de Gaza não estão sob soberania israelense, o que reforça a ilegalidade da interceptação.
Governos da Itália e da Espanha, que enviaram navios de apoio próximos, declararam que não participarão diretamente da missão militar de escolta.
Segundo o ministro da Defesa italiano, as embarcações foram cercadas e seriam transferidas para o porto israelense de Ashdod. Cada país seria responsável por seus cidadãos.