Indefinição do Ibama faz Petrobras acumular R$ 180 milhões com sonda parada na Margem Equatorial
Enquanto órgão ambiental demora a autorizar perfuração, estatal paga caro por inatividade do navio-sonda — prejuízo recai sobre o Brasil

A Petrobras já acumula cerca de R$ 180 milhões em custos por manter parada a sonda de perfuração NS-42 na Margem Equatorial, no litoral do Amapá, enquanto aguarda autorização do Ibama para iniciar perfurações.
O equipamento foi deslocado para a região em 18 de agosto, mas permanece inativo. A estatal e fontes ouvidas afirmam que o custo diário de manter a sonda em prontidão é da ordem de R$ 4 milhões por dia.
Essa situação não é inédita: entre 2022 e 2023, a Petrobras enfrentou cenário semelhante na mesma área, com a sonda parada por meses por causa de negativas de licença do Ibama e questionamentos sobre planos de resposta a emergências ambientais.
Em agosto deste ano, a estatal realizou o maior exercício de resposta a acidentes ambientais de sua história: mais de 400 profissionais, embarcações de grande porte e aeronaves foram mobilizados para simular vazamento na região sensível da Foz do Amazonas. O Ibama aprovou o teste em setembro, mas solicitou ajustes antes da emissão definitiva da licença.
Em nota, a Petrobras afirmou que “mantém ativa a estrutura e recursos humanos e físicos dedicados à perfuração e está pronta para iniciar a operação”. O Ibama declarou que ainda está analisando em caráter técnico a documentação enviada pela petroleira em 26 de setembro.
O Ministério Público Federal (MPF) recomendou que o Ibama só conceda a licença após nova demonstração eficaz da capacidade de resposta a emergências. O órgão deu prazo de 72 horas para manifestação formal, sob risco de instalação de medidas judiciais.
Esse impasse evidencia um conflito profundo entre proteção ambiental e amortização de custos econômicos em projetos estratégicos. Quando a burocracia ambiental se arrasta, quem paga é o país — seja por atraso na produção, seja por custos extras bilionários.