GSI pediu perfis de 152 bispos críticos a Bolsonaro, revela relatório da Abin Paralela
Investigação da Polícia Federal mostra que o Gabinete de Segurança Institucional solicitou à Abin coleta de dados sobre bispos que questionaram a gestão Bolsonaro em 2020 — espionagem religiosa exposta.

A Polícia Federal revelou que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) solicitou que a Abin paralela produzisse perfis de 152 bispos contrários ao governo Bolsonaro, após a publicação de carta denunciando erros na gestão de saúde, educação e cultura em meio à pandemia.
Quem foram monitorados
O grupo alvo da vigilância foi composto por 152 bispos que, em julho de 2020, assinaram uma carta pública criticando a condução do país, citando crise sanitária, econômica e institucional. O pedido do GSI exigia detalhar cada religioso — atividade que configura espionagem religiosa feita com aparato da agência.
Como foi o monitoramento
De acordo com o relatório, a Abin paralela utilizou recursos humanos e tecnológicos para compilar informações pessoais, trajetória e perfil dos bispos. A ação foi enquadrada pela PF como “desvio de finalidade” institucional, articulada dentro da estrutura clandestina que atuava politicamente.
O impacto político e religioso
A carta assinada pelos bispos chamou o país de estar em “tempestade” e criticou o governo por adotar uma “economia que mata”. A vigilância em si indica uso da inteligência estatal para silenciar vozes religiosas críticas — ferindo a laicidade do Estado e atacando instituições democráticas.
Perguntas para refletir
- O uso da inteligência governamental para monitorar líderes religiosos fere a separação entre Igreja e Estado?
- Uma ferramenta criada para segurança virou instrumento político?
- Como garantir autonomia religiosa diante do uso da Abin para fins de retaliação?
Conclusão
O caso revela que a Abin paralela não só espionou adversários políticos, mas chegou a monitorar líderes religiosos que desafiaram o governo de Jair Bolsonaro. O uso dessas instituições para produzir perfis de bispos críticos expõe uma faceta perigosa da ingerência estatal sobre a liberdade de expressão religiosa — e isso exige consequências legais e institucionais.