“Reclamou muito”: general revela desabafo de Bolsonaro após derrota para Lula
Militar da reserva afirma que ex-presidente criticou processo eleitoral e fez autocrítica pessoal logo após a vitória de Lula — sem traçar planos golpistas.

O general da reserva Estevam Theóphilo Gaspar de Oliveira, em depoimento ao STF nesta segunda-feira (28 de julho de 2025), afirmou ter participado de reunião com Jair Bolsonaro logo após sua derrota nas eleições de 2022. Segundo ele, o encontro, pedido pelo comando do Exército, não teve teor conspiratório — foi um momento de desabafo e autocrítica pública.
Theóphilo declarou que Bolsonaro “reclamou muito” sobre o processo eleitoral e expressou arrependimento por ações de campanha consideradas excessivas. “Ele achava que podia ter agido diferente, que poderia ter minorado a sua veemência em algumas coisas”, afirmou o general. O militar explicou que o ex-presidente também manifestou incômodo com restrições à comunicação, como impossibilidades de lives e limitação à liberdade de expressão durante o pleito.
O general ressaltou que se colocava à disposição para relatar o conteúdo do encontro formalmente disposto pelo então comandante, general Freire Gomes, mas negou qualquer participação em discussão de golpe ou plano de ruptura institucional. “Foi um monólogo”, declarou, e completou: “Não me foi apresentada nenhuma proposta ilegal ou inconstitucional”.
A PGR mantém que o núcleo 3, do qual Theóphilo é parte, esteve envolvido em elaboração de uma carta com teor golpista e tratativas para pressão institucional às Forças Armadas e mobilização pública para invalidar a eleição. Mas o general negou qualquer envolvimento, dizendo não ter visto, lido ou participado da eventual minuta do documento.
O depoimento compõe a fase de interrogatórios virtuais do núcleo 3, em que militares e um agente da PF são investigados por possíveis ações de sabotagem institucional, sequestro e assassinato para impedir a posse democrática de Lula.