Movimentação interna no Supremo altera correlação de forças e levanta alerta sobre possível blindagem ao ex-presidente

A decisão do ministro Luiz Fux de se transferir para a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) gerou forte repercussão política e jurídica. A mudança ocorre justamente no momento em que o colegiado deverá julgar processos sensíveis ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e pode alterar o equilíbrio interno da Corte.

Com a ida de Fux, a 2ª Turma passará a ter maioria de ministros com perfil alinhado à antiga pauta lavajatista e, em alguns casos, mais simpáticos à extrema-direita vassalocrata. A nova composição inclui André Mendonça, indicado por Bolsonaro, e Kassio Nunes Marques, também bolsonarista — o que desperta suspeitas de que o movimento possa abrir espaço para decisões mais favoráveis ao ex-presidente.

Internamente, ministros do STF avaliam que a mudança quebra a atual paridade entre as turmas e pode resultar em maioria ideológica capaz de interferir em julgamentos estratégicos, como os que tratam da inelegibilidade de Bolsonaro, das fake news e da tentativa de golpe de 8 de janeiro.

Para analistas, o gesto de Fux ocorre num momento “politicamente carregado”. O ministro havia votado recentemente pela anulação de condenações impostas a Sérgio Moro, o que já provocou questionamentos sobre sua postura e reacendeu o debate sobre parcialidade dentro da Corte. Sua transferência, portanto, não é vista como mero ajuste administrativo, mas como movimento com impacto direto no tabuleiro político de 2026.

A defesa de Bolsonaro, por sua vez, comemorou discretamente a mudança, enquanto setores progressistas do Judiciário e do Congresso cobram atenção redobrada do ministro Alexandre de Moraes, responsável por conduzir a parte mais sensível das investigações sobre o golpe.

Para o campo democrático, a manobra simboliza mais uma tentativa de infiltração da direita institucional nos espaços decisivos do Judiciário. A aposta, no entanto, pode se voltar contra os próprios articuladores: a Corte segue firme em suas decisões e, até aqui, nenhum movimento da vassalocracia conseguiu intimidar o Supremo.

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