Projeção revela resiliência econômica, mas alerta para riscos fiscais e aperto monetário

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua estimativa de crescimento da economia brasileira em 2025 para 2,3%, contra os 2% anteriormente previstos. O ajuste ocorreu após a missão técnica do organismo concluir a Consulta do Artigo IV, realizada entre 20 de maio e 2 de junho últimos.

O relatório destaca que o desempenho do PIB foi “mais forte do que o esperado” nos últimos três anos, embora preveja moderação em 2025 devido a condições monetárias restritivas, redução de estímulos fiscais e incerteza global. O FMI ainda estima que o crescimento voltará a 2,5% no médio prazo, impulsionado por avanços na reforma tributária, produção de hidrocarbonetos e transformação ecológica.

Quanto à inflação, o fundo projeta um índice de 5,2% para o fim de 2025, com convergência gradual à meta de 3% até o final de 2027. Para conter a alta de preços, elogia a postura firme do Banco Central, que mantém a Selic em níveis elevados — atualmente em 14,75% — apesar das pressões políticas contrárias.

Ainda que o FMI reconheça a melhoria das contas públicas, ele recomenda “um esforço fiscal mais ambicioso” e a racionalização de benefícios tributários ineficientes, para sustentar a trajetória de queda da dívida, liberar espaço para investimento e eventualmente reduzir juros .

Apesar da notícia ser positiva no plano macroeconômico, o documento do FMI ressalta os riscos persistentes: o aperto global, a turbulência política e o risco de uma nova escalada do “tarifaço” dos EUA podem afetar desafios tanto externos quanto internos.


Análise crítica

A revisão para cima da projeção do FMI confirma que o Brasil superou expectativas, recuperando-se com força mesmo num cenário mundial conturbado. Mas não se engane: a vitória é apenas parcial. As forças do mercado seguem dominando – juros altos, austeridade fiscal e vulnerabilidade a choques externos mantêm o país na rédea curta.

O governo Lula, no entanto, tem nas mãos uma saída estratégica: combinar o ajuste fiscal com investimentos públicos em infraestrutura verde e pesquisa. A proposta de reforma tributária, ainda em andamento, também precisa avançar com justiça social, taxando os grandes patrimônios e fortalecendo a rede de proteção às maioria povo.

O chamado do FMI para contenção de gastos mal direcionados deve ser ouvido, mas usado para cortar privilégios – não o orçamento dos pobres. Qualidade do gasto importa. A convergência inflacionária à meta é um alívio, mas não pode custar direitos ressaltados nem alimentar o mercado financeiro a qualquer custo.

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