Redação

Segundo aliados ouvidos por O Globo, o senador Flávio Bolsonaro comunicou ao irmão Eduardo Bolsonaro que precisa “reduzir os atritos” com integrantes importantes da direita, atendendo a uma orientação direta do ex-presidente Jair Bolsonaro.

O alerta parte em contexto de crescente tensão interna no campo conservador. Eduardo vinha protagonizando críticas públicas e duras a colegas de base e lideranças do Centrão — comportamento que, aos olhos da cúpula bolsonarista, ameaça a articulação política e eleitoral para 2026.

Flávio, por sua vez, assumiu papel de interlocutor entre Jair e Eduardo. Seu chamado para “moderação” visa reestabelecer acordos, proteger alianças regionais e evitar que o desgaste público prejudique a coesão do bloco que ainda sustenta o legado bolsonarista.

Fontes descrevem que a orientação de Flávio comporta ao menos três frentes de intervenção:

• Limitar declarações de Eduardo que gerem conflito com a direção do PL e aliados parlamentares.
• Reforçar que o foco seja eleitoral, e não apenas midiático — para evitar desgaste simbólico.
• Reorientar a mobilização da base para atividades de campo, evitando embates públicos que possam saturar a imagem da família.

O movimento revela também que, apesar da retórica de independência, o núcleo Bolsonaro reconhece necessidade de gestão de danos e articulação convencional — algo até então relativizado pela vertente mais radical da base.

Para observadores progressistas, o caso ilustra:

• A fragilidade de lideranças populistas quando dependem de estrutura partidária ampla — e a necessidade de negociação.
• A tensão entre discurso disruptivo e dinâmica de poder institucionalizada.
• O risco de que a polarização se volte contra os próprios atores quando alianças se rompem.

Fonte: O Globo