Senador associa críticas internas a manobra do “sistema” e "exige" revogação das medidas contra Jair Bolsonaro

Brasília — O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) lançou nesta segunda (29) uma ofensiva verbal em defesa do irmão, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vinha sendo criticado dentro do próprio campo da direita por adotar posições rígidas sobre o projeto de anistia. Para Flávio, Eduardo “tem papel fundamental” na tramitação da proposta de perdão aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, e as críticas surgem como reação ao “poder que incomoda”. =

Ele lembrou que o texto em debate, batizado de PL da Dosimetria, foi originalmente pensado para uma redução de penas, mas Eduardo defende uma anistia “ampla, geral e irrestrita” — o que gera desconforto em setores que preferem circunscrever o benefício. =

Mas Flávio não se limitou à disputa legislativa: aproveitou para cobrar a revogação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, qualificando as medidas cautelares como uma “violência contra a democracia”. Segundo ele:

“Banido das redes sociais, monitorado por tornozeleira eletrônica, vigiado 24 horas por dia, incomunicável dentro da própria casa … essas medidas arbitrárias já deveriam ter sido revogadas.” =

Essa fala insere o conflito judicial bolsonarista no campo simbólico da vitimização política: Flávio tenta mobilizar o argumento de que seu clã sofre cerceamento institucional, impondo um relato de perseguição que visa galvanizar apoio e resistir às pressões legais.

Embora Eduardo seja visto como “incontrolável” por parte do establishment eleitoral — que teme que suas demandas radicais sabotem acordos — Flávio se coloca como escudo institucional, afirmando que críticas internas giram em torno de interesses de poder.

Essa postura evidencia estratégias do bolsonarismo para transformar litígios jurídicos em guerras narrativas: não basta disputar leis e provas — é preciso disputar corações e mentes, converter qualquer acusação em ataque ao “sistema”.

Se deixarmos que discursos de “vítima política” dominem o tom público sem reação organizada, a retórica de impunidade institucional cresce. O papel da esquerda é justamente resistir a essa inversão simbólica: acusar quem acusa, revelar quem acusa e retomar o protagonismo da justiça social — não o da retórica do poder.

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