As Forças Armadas se blindam contra protestos justos ou partidários. Instituição quer se manter distante da disputa política — enquanto o Brasil enfrenta um momento de risco à democracia.

Brasília, 1º de setembro de 2025 — O Exército brasileiro emitiu uma ordem clara e autoritária: tolerância zero para qualquer aglomeração ou manifestação nos arredores de quartéis, justamente no período explosivo do julgamento do núcleo central do golpe no Supremo Tribunal Federal (STF), que inicia nesta terça (2), e nas celebrações controversas do 7 de setembro. A determinação foi replicada a comandos regionais em todo o país, com foco especial em Brasília, palco da tensão política.

Nas capitais e regiões estratégicas, inclusive no Distrito Federal, o Comando Militar do Planalto e a Secretaria de Segurança Pública do DF articulam protocolos de prevenção com reuniões permanentes — combinando drones, policiamento reforçado e controles rígidos — em nome da segurança ou, melhor dizendo, da neutralização da voz popular. As manifestações autorizadas deverão se concentrar em áreas distantes, como a Torre de TV, isoladas dos barris de pólvora institucional da Esplanada dos Três Poderes e dos quartéis.

Nos bastidores, oficiais afirmam sob reserva que o Alto Comando do Exército já enfrenta um dilema insuportável: deve punir militares envolvidos na trama golpista — “separar o CPF do CNPJ” — sem permitir que a instituição seja arrastada para o caos político. A ordem é clara: blindar os quartéis. Mas não resistir ao golpe. São generais e oficiais de alta patente julgados enquanto a tropa é orientada a ignorar manifestações — como se nossas ruas não fossem parte da democracia em movimento.

O histórico recente é inescapável. Após a derrota eleitoral de Bolsonaro, apoiadores permaneceram acampados junto aos quartéis pedindo intervenção. O episódio culminou no 8 de janeiro de 2023 e tornou evidente o conluio político. Hoje, a cúpula admite que foi erro tolerar esses acampamentos — mas agora, sob ameaça de novo confronto democrático, prefere barrar manifestações a lidar com mobilização civil. É fragilidade institucional disfarçada de ordem.

Fontes:

  • Click Petróleo e Gás — “Exército brasileiro impõe ‘tolerância zero’ a manifestações e aglomerações no entorno de quartéis a partir desta terça-feira (2)”
  • CNN Brasil (Blog Jussara Soares) — cobertura adicional sobre a determinação militar
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