Passaporte dos EUA cai no ranking de mais influentes por “culpa” do Brasil
Com o rompimento diplomático e imposição de vistos aos americanos, os EUA perdem poder simbólico e geopolítico no índice global

Pela primeira vez em 20 anos, o passaporte dos Estados Unidos saiu do top 10 dos mais influentes do mundo no ranking Henley Passport Index, caindo para a 12ª posição — e a consultoria aponta o papel do Brasil como gatilho simbólico dessa queda.
A consultoria destaca que, entre os fatores decisivos para a perda de influência, está o rompimento dos acordos de reciprocidade: em abril, o Brasil voltou a exigir visto de cidadãos estadunidenses, o que fez com que os EUA caíssem no ranking. Até 2014, o passaporte norte-americano era o mais poderoso do planeta.
Hoje, o documento americano permite entrada sem visto em 180 destinos — indicador que já não impressiona, diante da crescente adoção de políticas restritivas por Washington. A consultoria afirma que a exclusão do Brasil entre os países isentos e a saída da lista de isentos da China marcaram o início da derrocada simbólica do passaporte dos EUA.
Enquanto isso, o passaporte brasileiro ocupa a 19ª posição, empatado com San Marino e Argentina, e garante entrada sem visto em 169 destinos. Em relação à “abertura” — número de nacionalidades que podem entrar no país sem visto — o Brasil aparece em 44º lugar.
Segundo especialistas consultados pela consultoria, esta queda evidencia o enfraquecimento político dos EUA no cenário internacional: “nações que se apoiam em privilégios do passado estão ficando para trás”, diz Christian H. Kaelin, criador do índice.
Essa perda simbólica não é trivial. O poder de um passaporte reflete influência diplomática, capacidade de negociações e presença global. Os Estados Unidos, ao adotar medidas de isolamento e recuo em acordos multilaterais, têm diminuído seu crédito simbólico — e o Brasil, ao exigir reciprocidade em vistos, mostrou que pode atacar esse pilar.