Diretoria da Meat Import Council of America admite que hambúrgueres dos EUA não existem sem os cortes magros brasileiros – verdade que desmonta o discurso protecionista de Trump.

Uma entrega da soberania que custaria o pão — os Estados Unidos dependem do Brasil para carne moída, revelou Michael Skahill, diretor-executivo da entidade Meat Import Council of America (Mica). Em carta oficial ao governo Trump, ele pediu a revisão imediata do tarifaço que encareceu em 76,4% a importação das aparas bovinas magras brasileiras.

Sem esses cortes — essenciais para misturar com carnes mais gordurosas e produzir hambúrgueres —, o mercado norte-americano enfrenta escassez estrutural. Só de carne moída, o país gastou US$ 15,3 bilhões em 2024, um aumento de 10% em relação a 2023. E a produção interna segue comprometida pela seca e limitações cíclicas; a previsão é baixa oferta até pelo menos 2027.

A dependência é real: os EUA consomem cerca de 50 bilhões de hambúrgueres por ano, uma cadeia que desmorona sem o insumo brasileiro. Mesmo assim, o governo Trump impôs tarifas que vão de 36,4% para até 76,4% — um golpe mortal para exportadores paulistas e a economia agroexportadora do país.

A carta da Mica é categórica: “Sem acesso às aparas magras do Brasil, teríamos que usar cortes mais caros, reduzindo o retorno e prejudicando a indústria americana. A entidade, portanto, pede que o USTR reverta a sobretaxa, sob pena de quebrar a logística alimentar que abastece famílias e redes de fast food.

Com cerca de 400 mil toneladas exportadas anualmente, a carne brasileira enfrenta agora insustentabilidade: “A taxa atual inviabiliza as vendas”, afirma a Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes).

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