Pressão, ameaças de demissão, brindes e até pernil como moeda de troca — o golpismo eleitoral invadiu relações de trabalho.

Uma investigação da Folha de S.Paulo junto à Justiça do Trabalho revelou que, durante a campanha presidencial de 2022, diversas empresas brasileiras foram condenadas por assédio eleitoral – uma prática autoritária que contaminou relações de trabalho com chantagem política em favor de Jair Bolsonaro (PL)

Ao menos 30 decisões judiciais em primeira e segunda instâncias identificaram táticas cruéis como:

  • A Agronelli Ltda. (MG) colou adesivos e realizou palestras para cooptar funcionários. Um diretor sugeriu que, se o PT vencesse, a empresa — e os empregos — seriam prejudicados.
  • A Transben Transportes (PR) enviou vídeos aos trabalhadores alertando sobre crise de desemprego caso Lula ganhasse, e ofereceu ajuda financeira para que fossem votar em Bolsonaro.
  • A Febracis (ES) foi condenada a indenizar uma funcionária em R$ 10 mil por afirmar que a eleição era uma “guerra espiritual”, com Bolsonaro sendo “enviado de Deus” e Lula o “Diabo”.
  • No Frigorífico Serradão (MG), funcionários receberam camisetas bolsonaristas e pernil em troca da comprovação de voto — uma grotesca forma de controle fora do século passado.
  • A Sada Bioenergia demitiu um funcionário aos 64 anos por recusar usar adesivo de Bolsonaro — privilégio da chantagem política tornou-se violação da democracia.
  • Na Radiodoc (SP), alertas de “consequências” e promessas de folga para quem participasse da campanha foram rotina coercitiva.

O Ministério Público do Trabalho (MPT) registrou 3.145 denúncias desse tipo em 2022, ajuizou 105 ações civis públicas e firmou 560 termos de ajuste de conduta contra empresas suspeitas de manipular votos de trabalhadores. Exemplos de condenações incluem:

  • SLC Agrícola S.A. (PI): R$ 100 mil por impedir deslocamento de funcionários para votar.
  • Fomentas (MT): R$ 50 mil por imagens de apoio público a Bolsonaro e vídeos críticos a Lula.

Essa onda de assédio eleitoral lembra o voto de cabresto da República Velha: coerção e chantagem travestidas de “direitos corporativos” corroeram a liberdade de escolha — e, ao contrário da nostalgia autoritária, o Brasil democrático respondeu na Justiça.


Conclusão

O assédio eleitoral praticado com violência simbólica e material contra trabalhadores mostra o autoritarismo infiltrado nas estruturas de poder. Mas, ao agir na Justiça, o Brasil reagiu — com punição, reparação e soberania institucional intacta. Aqui, a democracia venceu — trabalho não se vende nem se chantageia.

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