Empresas brasileiras ampliam presença nos EUA em resposta a protecionismo de Trump
Investimentos verdes saltam 52% em dez anos e mostram como indústria nacional se antecipa a crises comerciais.

Brasília / Washington, 24 de julho de 2025 – Em meio à escalada de tarifas dos EUA sob Trump, as empresas brasileiras reforçam sua presença direta no mercado americano como resposta estratégica. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) revela que 70 companhias operam hoje em 23 estados dos EUA, investindo US$ 22,1 bilhões em 2024 — um crescimento de 52,3% em relação a 2014.
A expansão não se dá apenas no comércio, mas na produção local: entre 2013 e 2023, foram realizados 142 projetos greenfield, totalizando mais de US$ 3,3 bilhões apenas entre 2020 e 2024. Setores como alimentos e bebidas representam 22,8% dos investimentos, seguido por plásticos, tecnologia da informação e metalurgia.
Casos emblemáticos incluem os aportes da JBS (US$ 807 milhões), Omega Energia (US$ 420 milhões), CSN (US$ 350 milhões), Bauducco (US$ 200 milhões) e Embraer (US$ 192 milhões), além de instalações em Texas, Iowa e Indiana. Esses investimentos geram empregos diretos e fortalecem a presença industrial brasileira em território estadunidense.
Essa estratégia refuta a narrativa unilateral de Trump de que o comércio Brasil-EUA causa prejuízo aos EUA — mostra, na prática, que reforçar a produção local brasileira dentro dos EUA fortalece a interdependência positiva entre os dois países.
A reação da indústria nacional vai além do comércio — há convicção de que construir filiais estratégicas dentro do território americano é uma resposta eficaz ao protecionismo. Empresas como Gerdau e Braskem, com várias plantas nos EUA, se posicionam de forma resiliente ao cenário tarifário.
Essa mobilização evidencia também o valor do plano nacional de reindustrialização, como o Nova Indústria Brasil, que busca fortalecer cadeias produtivas e reduzir vulnerabilidades externas — um caminho coerente em tempos de guerra comercial global.