EUA mantêm distância de Eduardo e empresários americanos apoiam senadores brasileiros contra o tarifaço
Interesses econômicos se sobrepõem à política bolsonarista em meio à crise comercial

Uma coalizão inédita de empresários dos Estados Unidos alinha-se com senadores brasileiros na tentativa de reverter o tarifaço de 50% anunciado por Donald Trump para 1º de agosto. O gesto representaria uma ruptura clara com a agenda do deputado Eduardo Bolsonaro, que se declinou como articulador da ação.
A missão foi articulada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS). A comitiva embarca na sexta-feira (25) para Washington, onde permanece de 28 a 30 de julho. Os senadores mantêm encontros com parlamentares americanos e executivos dos setores mais prejudicados pelo aumento tarifário, como agronegócio, máquinas agrícolas e tecnologia.
Enquanto isso, Eduardo Bolsonaro, residente nos EUA desde março, criticou a viagem como um “desrespeito” à orientação de Trump, acusando os senadores de quererem adiar “o enfrentamento dos problemas reais”. A fala reforça a divisão entre setores sob influência da gestão bolsonarista e os atores do empresariado interessado em conter o impacto econômico da medida.
O vice‑presidente Geraldo Alckmin, por sua vez, lidera uma força-tarefa diplomática e propôs negociações com o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick. A conversa foi qualificada como “boa e produtiva”, apesar da resistência observada na Casa Branca e da relutância das empresas em confrontar Trump por medo de retaliação.
O pretexto oficial das tarifas, que vinculam-se ao julgamento do ex‑presidente Jair Bolsonaro, foi denunciado por senadores democratas americanos como um “abuso de poder” americano em carta à administração Trump. Os parlamentares alertam para os efeitos negativos sobre empregos e preços nos EUA e enfatizam que os supermercados americanos importam US$ 2 bilhões em café do Brasil todos os anos.