Dossiê “Agrogolpistas” expõe financiamento e logística liderados por ruralistas nos atos antidemocráticos

Por quatro meses, o observatório De Olho nos Ruralistas compilou informações de diversas bases — incluindo inquéritos do STF relacionados ao 8 de janeiro, a Operação Lesa Pátria da Polícia Federal e dados do Incra e da Receita Federal. O resultado é a identificação de 142 empresários do agronegócio diretamente envolvidos na tentativa de golpe, seja por financiamento, suporte logístico ou envio de caminhões à Brasília — sem nenhuma responsabilização até o momento.


Território do “Arco da Soja” virou epicentro da articulação golpista

  • Convenção geográfica: 71% dos investigados são de Mato Grosso, Goiás e Bahia, regiões-chave da produção de soja no país.
  • Apoio logístico real: 56 caminhões partiram de Sorriso (MT) para o acampamento em frente ao Quartel-General do Exército.
  • Famílias poderosas envolvidas: entre os 142 empresários, destacam-se membros dos clãs Bedin e Lermen — reconhecidos por seu poder político e econômico no agro.

Impunidade institucional: nem um processo penal sequer

Apesar da participação ativa em estruturas bolsonaristas e tentativas explícitas de golpe:

  • Apenas 18 dos 142 foram alvo de algum tipo de investigação — os demais permanecem sem qualquer ação judicial.
  • A maioria não consta nas denúncias da PGR e sequer foi mencionada em CPIs.
  • A exceção foi o produtor de Paraná, Jorginho Cardoso de Azevedo, condenado por depredação em Brasília, mas não por financiamento ou apoio direto às ações golpistas.

O elo entre agronegócio e milícias políticas

  • Membros da Aprosoja e do Instituto Pensar Agro participaram da articulação logística.
  • Um relatório da Abin confirma que parte do agro financiou o plano “Punhal Verde e Amarelo” — que mirava até lideranças políticas, não apenas manifestações.
  • Empresários do agro ofereceram infraestrutura em acampamentos, bloqueios de rodovias e apoio operacional, com uso de caminhões e geradores.

Por que isso é urgente

Se os empresários do agronegócio praticaram atos antidemocráticos, a falta de responsabilização reforça a ideia de que há dois pesos e duas medidas no Estado de Direito. Sem investigação criminal, o agro segue operando livremente, apoiado por bancos e multinacionais, em um ambiente que mistura poder político e econômico sem freios.


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