Embaixada dos EUA ameaça aliados de Moraes — e o Brasil responde: soberania não se “avisa”, se exerce
Itamaraty convoca o encarregado dos EUA e Flávio Dino dá o recado: embaixada estrangeira não monitora juiz do STF. A escalada de Washington mira intimidar; o efeito é o oposto. O país fecha fileiras.

Embaixada dos EUA ameaça aliados de Moraes. Foi assim — sem disfarces — que a representação norte-americana no Brasil amplificou, nas redes, um texto do próprio governo Trump acusando Alexandre de Moraes de “arquitetar censura”, dizendo estar “monitorando” seus atos e “avisando” aliados para não apoiá-lo. É intimidação pública, em tom de polícia colonial. Mas o recado bateu em parede de Estado: o Itamaraty convocou o encarregado de negócios, Gabriel Escobar, para dar explicações formais nesta sexta (8/8). Diplomacia funciona assim: ameaçou, senta e explica.
Flávio Dino não deixou passar. O ministro do STF lembrou o óbvio do Direito Internacional: embaixada não “avisa” juiz, não “monitora” tribunal. Esse tipo de “sinalização” rompe etiqueta diplomática e afronta a soberania. Dino falou em moderação, bom senso e boa educação — o básico que uma chancelaria deveria praticar, especialmente quando decide traduzir e endossar um ataque a um Poder da República. Embaixada dos EUA ameaça aliados de Moraes, e o STF responde com lei, não com bravata.
A reação institucional foi em cadeia. Além do chamado do Itamaraty — classificado pela imprensa como mais um capítulo da crise diplomática — veículos confirmaram a reunião com Escobar e relataram a avaliação de “ingerência” e “ameaças inaceitáveis” ao Judiciário brasileiro. Não houve nuance: o Brasil cobrou respeito. Washington quis escalar; Brasília enquadrou.
Contexto: a ofensiva parte do mesmo pacote de pressão que incluiu sanções unilaterais contra Moraes e recados de que “estão avisados”. É a tática de sempre: fabricar “violador de direitos humanos” para justificar punições políticas e tentar constranger decisões internas — ainda mais num momento em que Bolsonaro cumpre medidas determinadas pelo STF. Resultado? O gesto só fortalece a coesão do sistema de Justiça, consolida o apoio popular ao Estado de Direito e expõe, ao mundo, que há tentativa de tutela estrangeira sobre um processo judicial brasileiro.
Vamos ao essencial. A vassalocracia local tenta vender essa escalada como “pressão legítima”. Não é. É ingerência. E, ironicamente, acelera um movimento histórico: romper a lógica de subordinação e fincar pé numa política externa soberana, de multipolaridade e cooperação — BRICS, integração sul-sul, reindustrialização e valor agregado aqui dentro. Cada “aviso” que vem de fora reforça a necessidade de independência tecnológica, financeira e informacional. Soberania não se terceiriza; se constrói.
O STF não se dobra, o Itamaraty atua e a sociedade enxerga o jogo. O Brasil não está em crise — e não estará — por causa de ameaças de turno publicadas no X. A tentativa de amedrontar ministros “aliados de Moraes” fracassou. O país respondeu. O recado final, portanto, vai na direção contrária: estão avisados — aqui quem manda é a Constituição.