Declaração absurda revela narrativa de vitimização e alarmismo político

Em post recente compartilhado em redes sociais, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) escreveu em inglês uma mensagem sobre o presídio de Papuda, em Brasília, descrevendo-o como uma “latin american prison, where all sorts of things can happen” (“prisão latino-americana, onde todo tipo de coisa pode acontecer”).


O que ele quis dizer

  • A frase foi usada para enfatizar seu argumento de que incertezas e riscos existem para quem é preso no sistema carcerário brasileiro, especialmente em razão das condições das penitenciárias.
  • O uso do inglês — com erros e construção provocativa — foi amplificado por críticos que acusam Eduardo de tentativa de dramatização e de “performar” para audiências externas.
  • Na mesma postagem, Eduardo tentou inverter a narrativa ao dizer que quem estaria sendo coagido ou ameaçado não seria só seu pai, mas também pessoas ligadas a ele, alegando risco interno.

Reações e repercussões

  • Políticos de oposição criticaram a fala, dizendo que Eduardo está usando retórica alarmista e descolada da realidade concreta de condenações e do sistema judiciário.
  • Organizações de direitos humanos e entidades do sistema penal apontam que, embora haja problemas reais nas prisões brasileiras, comparações genéricas como “prisão latino-americana onde tudo pode acontecer” se aproximam mais de discurso propagandístico do que de denúncia construtiva.
  • A fala também alimenta o enredo de que, para o bolsonarismo, as instituições estatais — especialmente o STF e o sistema prisional — são instrumentos de perseguição política, um discurso usado para mobilizar bases eleitorais e criar sensação de cerco.

O que está em jogo

  1. Imagem internacional
    Eduardo busca apoio ou pelo menos simpatia fora do Brasil. Ao usar o inglês, ele parece mirar audiências além-mar, inclusive potenciais simpatizantes nos EUA e em meios de imprensa internacional.
  2. Legitimidade do sistema de justiça
    A frase expõe como o bolsonarismo questiona não apenas decisões judiciais, mas a integridade das instituições. Deslegitimar o sistema prisional é parte da estratégia de soma de narrativas contra o aparato estatal.
  3. Polarização política
    Em meio às articulações da anistia, da pressão contra o STF, da atuação de Tarcísio e Eduardo, essas declarações inflam ainda mais a polarização. O público aliado reforça a ideia de perseguição, enquanto opositores veem sinais de irresponsabilidade ou de radicalização discursiva.

Fonte: Revista Fórum

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