Eduardo Bolsonaro tenta “impor” anistia total ao Congresso usando carta de Trump
Jogada recorre a intervenção estrangeira para blindar golpistas e sonha em enfraquecer a Justiça

Enquanto o país ainda enfrenta os traumas dos ataques de 8 de janeiro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) protagoniza uma ofensiva política sem precedentes: ele articula o uso de uma carta assinada por Donald Trump como instrumento para pressionar o Congresso a aprovar anistia ampla que inclua não apenas os manifestantes, mas membros do próprio bolsonarismo envolvidos no ataque às instituições.
Em suas conversas nos bastidores, Eduardo orienta aliados a apresentarem destaques no projeto de anistia para expandir sua abrangência. A carta de Trump serviria como reforço simbólico e retórico: uma forma de legitimar externamente o perdão político que questiona a lógica democrática brasileira. A tática revela uma conjunção perigosa entre lógicas nacionalistas autoritárias e influências estrangeiras alinhadas ao ultradireitismo.
Essa manobra não é gesto isolado, mas parte de uma estratégia vetorial. Blindar os autores do ataque institucional é tentar selar impunidade antes mesmo de iniciar os processos. Ao incluir Bolsonaro e seus apoiadores no perdão, Eduardo promove uma redefinição normativa e simbólica: golpe torna-se ato punido por lei — não por tribunais.
O golpe institucional, porém, encontra resistência. A proposta de anistia ampla tem sido criticada por partidos democráticos, movimentos sociais e especialistas jurídicos, que alertam que uma anistia sem limites é ameaça direta ao Estado de Direito e à Constituição. Eles apontam que, além de conceder perdão, essa medida reforçaria narrativas revisionistas e estruturais que permitem o golpe permanente.
Agora cabe aos parlamentares: serão cúmplices desse absurdo, oferecendo guarida jurídica e simbólica ao autoritarismo? Ou terão coragem de barrar esse conluio e reafirmar que democracia não se negocia com impunidade?