Eduardo Bolsonaro propõe anistia a golpistas como “solução” para o tarifaço de Trump
Decisão escancara chantagem política e isola radicalização do bolsonarismo

Eduardo Bolsonaro, deputado federal licenciado e figura central da extrema-direita, defendeu publicamente a aprovação de uma anistia ampla, geral e irrestrita para os envolvidos no golpe de 8 de janeiro. Ele afirmou que essa medida seria condição essencial para conter as sanções de 50% impostas por Donald Trump às exportações brasileiras.
Em vídeo exibido no programa Paulo Figueiredo Show, transmitido nos EUA, o parlamentar argumentou que “não é desejável que o Brasil sofra com tarifas grandiosas” e que a anistia seria “a pauta número um” para abrir uma mesa de negociação com Washington.
Internamente, a proposta soou como chantagem. Empresários do agronegócio e parlamentares do centrão avaliam a manobra como um erro estratégico que acende alarmes no movimento popular e enfraquece o discurso conservador. Até aliados reservam críticas, temendo retaliação da base mais radical.
O deputado, que vive nos EUA alegando “perseguição política”, voltou a apontar uma suposta “ditadura” democrática no país e associou a defesa da anistia à própria sobrevivência política do clã Bolsonaro. Ele ameaçou que, sem esse gesto, o Brasil estaria condenado a um cenário ainda mais autoritário e sem oposição em 2026.
Cresce o isolamento do grupo: o centrão se distancia da agenda golpista, enquanto vozes do agronegócio pedem foco em soluções comerciais e diplomáticas. A proposta de anistia é vista por muitos como insustentável — especialmente diante da delicada crise institucional e econômica gerada pelas sanções americanas.
Ao mesmo tempo, no Brasil, a iminência do fechamento de pauta para cassação de seu mandato até domingo aumenta a pressão sobre Eduardo. Caso não retorne, ele poderá perder o cargo. O confronto entre radicalização e pragmatismo se intensifica, expondo o racha político em plena crise externa.