Ex-ministro argumenta que Bolsonaro “não tem condições” de entrar em presídio e cita risco às condições de saúde

Em entrevista concedida à BBC News Brasil, o ex-ministro José Dirceu manifestou-se favoravelmente à concessão de prisão domiciliar para o ex-presidente Jair Bolsonaro. Dirceu afirmou que Bolsonaro “não tem condições” de cumprir pena em presídio comum, especialmente diante do agravamento de seu estado de saúde.

Dirceu ressaltou que o sistema prisional brasileiro é dominado por facções criminosa e opera em condições degradantes, o que tornaria impraticável colocar alguém em situação vulnerável como Bolsonaro no regime fechado. Ele disse: “me parece que ele é uma pessoa psicossomática, que vai acelerando, muito instável. Não é uma pessoa que tem autocontrole.”

Segundo o ex-ministro, Bolsonaro deveria receber tratamento semelhante ao que teve o ex-presidente Fernando Collor — que cumpre prisão domiciliar em razão de problemas de saúde — e não ser levado ao cárcere. Para Dirceu, não se trata apenas de apelo humanitário, mas de reconhecer limites práticos do sistema penal para pessoas com compromissos médicos e psicológicos.

Ele ainda criticou a postura de setores do Judiciário que defendem rigor máximo como forma de punição simbólica, afirmando que “um ex-presidente da República não pode ser colocado no sistema penitenciário” em circunstâncias de saúde debilitada.

Além da defesa pela prisão domiciliar, Dirceu revelou que pretende disputar uma vaga como deputado federal em São Paulo em 2026, a pedido do presidente Lula. Ele descreveu sua candidatura como um gesto de “reparação” pelas perseguições que sofreu nos casos do mensalão e da Lava Jato.

A declaração de Dirceu reacende debates já existentes sobre critérios legais para prisão domiciliar, ponderações médicas em processos penais e os limites entre punição, dignidade humana e eficácia do sistema prisional brasileiro.

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