Redação

Parlamentares do Partido Liberal (PL) divulgaram recentemente um vídeo produzido com tecnologia de inteligência artificial (IA) com o objetivo de criticar uma declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre traficantes serem “vítimas dos usuários”. A peça simula cenas de assalto e homens armados agradecendo a Lula pela fala, promovendo uma narrativa de que o governo estaria legitimando o crime.

O material circulou com a assinatura de deputados bolsonaristas que aderem à linha de que a esquerda “relativiza” a criminalidade e “abraça bandidos”. No vídeo, rostos genéricos — criados ou alterados por IA — aparecem em ambientes de confronto, acompanhados de falas falsas atribuídas à declaração presidencial, gerando choque e provocando repercussão nas redes sociais.

Especialistas em desinformação alertam para os riscos desse tipo de conteúdo: além de manipular acontecimentos e discursos, o uso de IA permite criar vídeos altamente realistas que podem gerar confusão real no debate público. A peça não traz marcação clara de que foi gerada artificialmente, o que contraria as novas recomendações de transparência digital em propaganda política.

A ação ocorre em um momento de fragilidade da direita, em que o bloco conservador busca reposicionamento e ganha protagonismo através de recursos midiáticos agressivos. Para a esquerda, o episódio reforça a narrativa de que o PL carece de agenda programática e recorre à tática provocadora para se conectar com o eleitorado.

Diante da repercussão, parlamentares da oposição e juristas passaram a pedir que o conteúdo seja avaliado pela Justiça Eleitoral. A preocupação é que vídeos sintéticos — especialmente sem indicação de origem ou manipulação — possam configurar propaganda irregular ou até mesmo violação de normas sobre desinformação em período eleitoral.