Defesas lançam fogo contra delação de Cid e denunciam cerceamento no julgamento da trama golpista
No segundo dia de julgamento no STF, advogados atacam o delator vindo das Forças Armadas e transformam o excesso de dados e prazos exíguos em indício de negação de defesa

No segundo dia do julgamento da trama golpista — que envolve ex-ministros militares e o ex-presidente Jair Bolsonaro — a Primeira Turma do STF foi palco de críticas contundentes das defesas contra a delação premiada de Mauro Cid e a forma como o processo foi conduzido, denunciando verdadeiro cerceamento de defesa.
Bolsonaro “dragado” pelos fatos — e não acusado
Os advogados Celso Vilardi e Paulo Amador Cunha Bueno, em defesa de Bolsonaro, afirmaram que o ex-presidente foi “dragado” por uma sequência de eventos que culminaram nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — mas que não há qualquer prova de sua participação ou instigação. Para eles, o processo gira em torno de uma “minuta do golpe”, sem evidência concreta de autoria.
Delação de Cid é tachada de mentirosa e inconstante
A denúncia central de todas as defesas recai sobre Mauro Cid, cujo depoimento premiado foi atacado como uma peça instável e contraditória. Para os advogados, ele “mudou de versão inúmeras vezes”, teria sido induzido pela PF e, no dizer de Vilardi, trata-se de “um homem que não é confiável”.
Braga Netto: “mentira descarada” e provas frágeis
O defensor do general Walter Braga Netto, José Luis Oliveira, foi às vias de denúncia: chamou a delação de Cid de “descaradamente mentirosa” e acusou os investigadores de montarem o caso com “oito prints adulterados” — uma narrativa toda baseada em um delator inconfiável. Ele também destacou que só teve acesso ao extenso volume de provas — cerca de 80 TB — pouco antes do prazo final para defesa, o que configura grave violação do direito de ampla defesa.
Heleno e Paulo Sérgio buscam se desvincular do núcleo golpista
A defesa do general Augusto Heleno sustentou que ele havia se afastado de Bolsonaro desde 2021, reduzindo sua atuação a mero protocolo, e questionou a legitimidade de documentos como a “caderneta golpista”. Já os defensores do general Paulo Sérgio reforçaram que ele tentou conter medidas golpistas — e que foi alvo de ataques justamente por tentar se posicionar contra a ruptura democrática.
Fontes:
CartaCapital – “Defesas miram delação de Cid e alegam cerceamento no 2º dia do julgamento” (03/09/2025)
CartaCapital – “‘Mauro Cid mente descaradamente’, diz advogado de Braga Netto sobre delação” (03/09/2025)