Defesa de Augusto Heleno pede absolvição no STF e denuncia excesso de documentos e postura ativa do relator
Advogado acusa relator Alexandre de Moraes de adotar postura investigativa, critica “montanha de provas” da PF e destaca afastamento de Heleno diante da ascensão do Centrão

A defesa do general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, abriu a sustentação oral no STF com críticas duras. O advogado Matheus Milanez pediu a absolvição do general, afirmando que ele se afastou do governo Bolsonaro após o fortalecimento do Centrão e que nunca articulou golpe.
Ele denunciou o modus operandi da Polícia Federal, que teria entregue os autos em “montanha de documentos” desorganizados e praticamente inacessíveis — com pastas de 128 GB repletas de arquivos sem identificação adequada. A agenda pessoal de Heleno, apreendida pela PF, foi apresentada como “caderneta golpista”, embora seja, segundo a defesa, mero bloco de anotações pessoais.
Milanez também questionou a imparcialidade do relator, ministro Alexandre de Moraes. Ele apontou que Moraes formulou 302 perguntas ao réu, enquanto o procurador-geral apresentou apenas 59. Ao interrogar testemunhas e buscar suas redes sociais, Moraes extrapolou seu papel de juiz, afirmou a defesa — lembrando que essa iniciativa probatória cabe exclusivamente ao Ministério Público.
A defesa ressaltou que Heleno não compareceu ao plenário, acompanhando o julgamento de casa, e teve autorização para usar slides e vídeos durante sua sustentação.
Milanez destacou que Heleno se distanciou politicamente de Bolsonaro a partir da aproximação deste com o Centrão, ressaltando divergências políticas — como sobre a importância da vacinação — para ilustrar sua autonomia institucional.
Diante de uma narrativa institucional robusta, a defesa apostou nesta sustentação para deslegitimar o caso. Mas o STF segue firme, cumprindo o seu papel de guardião da democracia.