Bolsonaro vai ao PL e escancara crise institucional diante de Moraes
Em visita ao PL, ex-presidente evita falar sobre decisão do STF "não posso falar", evidenciando tensão.

Jair Bolsonaro foi ao Partido Liberal (PL) na manhã desta quarta-feira (23/7), acompanhado do filho Jair Renan, para “buscar apoio político”, segundo relatos de jornalistas presentes, enquanto aguarda decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, sobre possível prisão ou novas restrições. Abordado pelos repórteres, ele desconversou: “vocês sabem que eu não posso falar”.
A ida ao PL ocorre um dia após Moraes reforçar cautelares que proíbem Bolsonaro de usar redes sociais, mesmo por terceiros, e detalhar sanções caso essas normas sejam descumpridas, incluindo risco de prisão. A defesa do ex-presidente argumenta que ele “não violou as regras impostas”.
No local, o senador Magno Malta (PL‑ES) também esteve presente e afirmou que Moraes é uma “carcaça” com uma “entidade de alta patente em uma mente de psicopata”, classificando como “tragédia” as medidas aplicadas ao ex-presidente. Malta alertou que muitos políticos conservadores “têm medo” de reagir ou apoiar Bolsonaro e descreveu Moraes como um “tirano e narcisista”.
Em paralelo, o senador Flávio Bolsonaro (PL‑RJ) protocola novo pedido de impeachment contra Moraes no Senado, acusando o ministro de “censura prévia” e de abuso de poder, pedindo que ele seja impedido de exercer função pública por 8 anos.
Essa sequência de eventos — visita ao PL, críticas agressivas a Moraes e ações no Senado — expõe o grau extremo de crise institucional e poder político no país. Bolsonaro tenta fortalecer sua base interna, mas enfrenta uma ofensiva judicial coordenada pelo STF, com repercussão política intensa.
O movimento também revela uma estratégia clara: transformar as medidas judiciais em argumentos de luta política, ampliando o conflito entre Judiciário e Legislativo. Ao desafiar Moraes, Bolsonaro reforça sua narrativa de perseguição e busca mobilizar sua militância.
A movimentação desta quarta confirma que a crise institucional brasileira não está apenas no tribunal: ela reverbera no campo político, em linha direta com disputas de poder e dominação simbólica que elevam o ex‑presidente a um ícone de resistência conservadora.