Comissão ordena depoimento do irmão de Lula, José Ferreira da Silva, após presidente do sindicato silenciar durante audiência; movimento aponta pressão política e tentativa de blindagem

Em mais um capítulo da investigação sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a CPMI do INSS decidiu incluir José Ferreira da Silva, o Frei Chico — irmão do presidente Lula — entre os alvos a serem convocados para depor. A decisão veio na esteira do silêncio adotado pelo presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), Milton Baptista de Souza Filho, durante depoimento na comissão.

O relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), justificou que, diante da recusa do presidente do Sindnapi em responder perguntas, “não resta opção senão avançar na hierarquia do sindicato” e convocar Frei Chico, que ocupa o cargo de vice-presidente da entidade.

O Sindnapi — entidade sob investigação pela Operação “Sem Desconto” da Polícia Federal — enfrenta questionamentos sobre percentuais suspeitos de crescimento e receitas elevadíssimas diante dos descontos sobre benefícios previdenciários. Frei Chico até agora não figura como investigado formal no caso, mas sua posição no sindicato é considerada estrutural.

Durante a sessão da CPMI, Milton Baptista foi autorizado por decisão do STF a permanecer em silêncio — ou seja, a não responder às perguntas da comissão pública sem incorrer em autoincriminação. Essa concessão aumentou a pressão sobre os parlamentares para que se aprofundem na apuração, envolvendo outros atores da entidade sindical.

Para a oposição, a convocação de Frei Chico representará a chance de buscar esclarecimentos sobre repasses ao sindicato entre 2020 e 2024, quando a receita alegada saltou de R$ 23,2 milhões para R$ 154,7 milhões — um aumento de 564% no período.

Embora a comissão priorize neste momento ouvir presidentes das entidades envolvidas, o pedido para incluir Frei Chico reforça a tese de que há tratamento político desigual. Observadores esperam que o depoimento possa revelar conexões ocultas que até agora têm sido protegidas.

Se Frei Chico for efetivamente convocado, a CPMI poderá adotar medidas como quebras de sigilo bancário ou telefônico, exigindo documentos internos do sindicato e documentos de contas associativas. Isso pode reverter a narrativa de ‘blindagem’.

A resistência será forte. Mas, para quem acredita que instituições devem valer para todos, essa convocação representa um teste de integridade no combate à corrupção.

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